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EPÍLOGO - SEM ESTADO, NÃO HÁ NAÇÃO

Atualizado: há 4 dias

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por Alexandre Costa | jornalista*

O Brasil atravessa o espelho.


Do outro lado, vê a imagem distorcida de um país que acreditou poder viver sem o público — e acabou prisioneiro do mercado, do ódio e do medo.


A história contada neste especial é a história de uma erosão longa: o desmonte do Estado e a precarização dos serviços públicos. Tudo começou quando o servidor virou vilão, o funcionário virou “marajá” e a eficiência foi reduzida à planilha de gastos. De Collor a Bolsonaro, o enredo se repetiu: o Estado é enxugado, o funcionalismo demonizado, e o espaço do direito é ocupado pelo lucro.


Mas essa narrativa não é inevitável. O ciclo Lula–Dilma demonstrou que o Estado pode ser instrumento de dignidade. Quando o poder público investiu em gente, a pobreza caiu, a fome recuou, as universidades se abriram, o SUS salvou vidas — e o país mostrou que é possível crescer distribuindo.


O golpe de 2016, o teto de gastos, a reforma trabalhista e a ofensiva das milícias digitais desmontaram esse pacto. O Brasil voltou a conviver com a fome, o desemprego e a humilhação cotidiana de um povo entregue à própria sorte — em um Estado mínimo armado e terceirizado, onde a bala fala mais alto que a Constituição.


O retorno de Lula, em 2023, reacendeu a esperança de reconstrução. Mas reconstruir o público exige mais do que orçamento e vontade política. É preciso enfrentar um sistema capturado:

·         um Congresso refém das bancadas do boi, da bala, da Bíblia e das big techs;

·         um capital financeiro que vive de juros e tarifas;

·         uma cultura do ódio alimentada por algoritmos e desinformação.


Enquanto o servidor público é tratado como inimigo, o país perde sua espinha dorsal.

Sem professores, o futuro se apaga. Sem médicos e enfermeiros, a doença avança. Sem cientistas, o atraso se perpetua. Sem políticas públicas, sobra o deserto — e nesse deserto florescem o fanatismo, as armas e a fome.


Defender o serviço público é defender a democracia. Cada escola mantida, cada posto de saúde aberto, cada concurso realizado, cada salário digno pago a quem serve ao povo é um ato de resistência.


O Estado não é o problema — é a trincheira. 


É o único espaço em que o povo pode transformar dor em direito.


O futuro do Brasil dependerá de uma escolha coletiva: continuar privatizando a esperança ou reconstruir o comum. É disso que trata este jornalismo — o compromisso de lembrar, denunciar e insistir. Porque a democracia é obra inacabada, e o jornalismo, quando livre, é o ofício dos que se recusam a calar diante da injustiça.


*Alexandre Costa é responsável pelo www.esquinademocratica.com.br


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