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V - A HISTÓRIA NÃO ACABOU: O FUTURO EM DISPUTA

Atualizado: há 5 dias

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por Alexandre Costa | jornalista*

Durante o governo Bolsonaro, o Brasil assistiu à destruição planejada de políticas públicas e à defesa agressiva de um Estado mínimo em quase tudo — menos na repressão. O ciclo 2016–2022 consolidou um modelo de Estado armado, autoritário, fraco para garantir direitos e forte para controlar, vigiar e punir.


As características autoritárias desse projeto resultaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando grupos bolsonaristas tentaram, pela força, reverter o resultado eleitoral e arrombar as portas da democracia, atacando as sedes dos Três Poderes em Brasília [¹].


TENTATIVA DE GOLPE EM 8 DE JANEIRO

O ápice desse processo foi a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Investigação conduzida pela Polícia Federal, pelo STF e por CPIs no Congresso revelou:

·         participação de militares da ativa e da reserva;

·         a existência de núcleos de articulação política e logística no entorno do Planalto;

·         planos de uso abusivo de instrumentos como a GLO para manter Bolsonaro no poder;

·         conexão com financiadores privados e redes internacionais da extrema direita [¹][²].


O 8 de janeiro foi o resultado extremo de anos de deslegitimação das instituições, campanhas de ódio e mentiras sistemáticas.


O “TARIFAÇO” DOS EUA E O ISOLAMENTO DA EXTREMA DIREITA

Em 2025, os Estados Unidos anunciaram tarifas elevadas sobre produtos brasileiros — em alguns casos chegando a 50%, segundo o Ministério da Fazenda e a imprensa internacional [³].

A medida, associada a retaliações políticas e comerciais, atingiu setores industriais estratégicos e expôs a fragilidade de projetos subordinados a alianças pessoais com líderes estrangeiros.


A narrativa de alinhamento automático com figuras como Donald Trump revelou seu limite: na hora decisiva, interesses econômicos falaram mais alto do que lealdades ideológicas.


O CONGRESSO DO BOI, DA BALA, DA BÍBLIA E DAS BIG TECHS

Após o golpe e durante o bolsonarismo, o Congresso consolidou a força de quatro blocos:

·         o agronegócio (bancada do boi);

·         a indústria armamentista e segmentos das polícias (bancada da bala);

·         igrejas neopentecostais (bancada da Bíblia);

·         as grandes plataformas digitais e interesses da economia de dados (big techs).


A chamada “bancada BBB” (boi, bala e Bíblia) é hoje uma das forças mais poderosas do Legislativo, com grande capacidade de:

·         bloquear avanços em direitos humanos;

·         aprovar pautas privatistas;

·         restringir o financiamento do SUS e da educação;

·         proteger interesses empresariais e patrimoniais em detrimento do interesse público [⁴][⁵].

A UBERIZAÇÃO COMO EIXO DA PRECARIZAÇÃO

O golpe também acelerou a transformação do mundo do trabalho. A uberização tornou-se símbolo de um modelo baseado em:

·         trabalho sem vínculo formal;

·         sem férias, 13º ou proteção previdenciária adequada;

·         sem negociação coletiva estruturada.


Segundo o IBGE, o Brasil tinha cerca de 1,5 milhão de pessoas trabalhando por meio de aplicativos de serviços em 2022, número que chegou a aproximadamente 1,7 milhão em 2024, com crescimento superior a 25% em dois anos [⁶][⁷]. A precarização deixou de ser exceção e passou a ser regra para amplas camadas da classe trabalhadora.


O NARCOTRÁFICO E AS MILÍCIAS COMO ATORES POLÍTICOS

A fragilização do Estado e o enfraquecimento de políticas de segurança cidadã permitiram que o crime organizado expandisse sua influência:

·         ocupando territórios urbanos periféricos;

·         interferindo em eleições locais;

·         fortalecendo milícias ligadas a setores das forças de segurança;

·         controlando serviços clandestinos como transporte, gás, TV e internet em comunidades.


Relatórios do Ministério Público, da Polícia Federal e pesquisas em segurança pública mostram que, em vários estados, as fronteiras entre política institucional, milícias e crime organizado se tornaram porosas.


UM PAÍS EM DISPUTA

O Brasil que sai do ciclo golpe/bolsonarismo é um país:

·         mais desigual;

·         mais precário;

·         mais violento;

·         mais dependente do setor privado;

·         mais vulnerável a forças antidemocráticas.

Mas também é um país que resistiu:

·         realizou eleições livres;

·         derrotou eleitoralmente a extrema direita em 2022;

·         manteve o SUS em funcionamento mesmo sob ataque;

·         reconstruiu, em parte, políticas de combate à fome e à pobreza.

Com o retorno de Lula em 2023, o desafio é reconstruir o Estado sem ceder ao cerco do mercado, das bancadas conservadoras e das novas formas de dependência global.


*Alexandre Costa é responsável pelo www.esquinademocratica.com.br

REFERÊNCIAS – PARTE V

[1] Dossiês e decisões do STF, PF e CPI mista sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Wikipédia+1 [2] Reuters, Agência Brasil e demais veículos sobre enquadramento jurídico dos ataques de 8/1 como tentativa de golpe. Reuters+1 [3] Ministério da Fazenda / Reuters – notas sobre tarifas de importação elevadas impostas pelos EUA a produtos brasileiros em 2025. Reuters+1 [4] Wikipedia / estudos acadêmicos sobre a “Bancada BBB”. Wikipédia+1 [5] Congresso em Foco – “Conheça as três bancadas mais poderosas do Congresso”. Congresso em Foco [6] IBGE – PNAD Contínua, módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais (1,5 milhão de trabalhadores por aplicativo em 2022). Agência de Notícias - IBGE+1 [7] Reportagens de síntese (Exame, etc.) sobre crescimento da uberização do trabalho. Exame


Defender o serviço público é defender a democracia. Cada escola mantida, cada posto de saúde aberto, cada concurso realizado, cada salário digno pago a quem serve ao povo é um ato de resistência. No Epílogo do ESPECIAL: A PRECARIZAÇÃO COMO PROJETO POLÍTICO DE PODER fica uma certeza: o futuro do Brasil dependerá de uma escolha coletiva: continuar privatizando a esperança ou reconstruir o comum. Epílogo:  SEM ESTADO, NÃO HÁ NAÇÃO


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