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GAZA: A GUERRA QUE DEIXA UM LEGADO DE VERGONHA PARA A HUMANIDADE - 3ª PARTE

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OS INTERESSES OCULTOS DA GUERRA: ENERGIA, RECONSTRUÇÃO E PODER GLOBAL

por Alexandre Costa | EsquinaDemocratica.com.br


O cessar-fogo anunciado em outubro de 2025 trouxe alívio temporário à devastada Faixa de Gaza, mas também escancarou os interesses econômicos e estratégicos que moldaram — e continuam moldando — o conflito. Por trás da retórica da “segurança” e da “autodefesa”, a guerra se entrelaça a negócios bilionários de energia, reconstrução e geopolítica.


O GÁS SOB AS RUÍNAS

No coração do conflito está uma riqueza submersa: os campos de gás natural Leviatã e Gaza Marine, localizados no Mediterrâneo oriental. Estudos da British Gas (hoje Shell), realizados em 2000, estimavam que Gaza Marine poderia conter 1,4 trilhão de pés cúbicos de gás natural (Reuters).O projeto foi retomado em 2024, quando Israel aprovou um acordo envolvendo Egito, Catar e a Autoridade Palestina para explorar a área — em plena guerra. Críticos veem o movimento como um gesto de apropriação estratégica, garantindo a Israel e aliados controle sobre uma futura fonte de receita energética da Palestina (The Guardian).


O campo Leviatã, controlado por Israel e empresas norte-americanas, já produz cerca de 12 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, exportados ao Egito e Jordânia. Em 2025, o país tornou-se exportador líquido de gás natural (Bloomberg).Enquanto isso, Gaza segue sem energia elétrica, sem combustível e com 90% da infraestrutura destruída.


A INDÚSTRIA DA GUERRA

O conflito também alimentou o crescimento explosivo do setor bélico israelense. Empresas como Elbit Systems, Rafael Advanced Defense Systems e Israel Aerospace Industries (IAI) registraram lucros recordes, com exportações de armas e tecnologia de vigilância em alta desde 2023 (Reuters). Segundo o Washington Post, Israel recebeu US$ 26 bilhões em ajuda militar adicional dos EUA em 2024, além do apoio fixo anual de US$ 3,8 bilhões previsto em acordo firmado em 2019 (Washington Post).


Essa dependência cria uma simbiose entre guerra e lucro: quanto maior o conflito, maior o faturamento. A Rafael, fabricante dos sistemas Cúpula de Ferro (Iron Dome) e David’s Sling, tornou-se uma das maiores exportadoras de defesa do mundo. A Elbit, especializada em drones e munições guiadas, teve aumento de 53% nas receitas em 2024, impulsionada por contratos nos Estados Unidos e Europa (Reuters).


A guerra, nesse contexto, é também uma vitrine tecnológica. O conflito em Gaza serviu como laboratório real para o teste de armas, sistemas de vigilância e inteligência artificial militar, muitos deles exportados para países da OTAN, Índia e América Latina.


A RECONSTRUÇÃO COMO NEGÓCIO

Segundo o Banco Mundial, a reconstrução de Gaza custará pelo menos US$ 53 bilhões e poderá chegar a US$ 80 bilhões, dependendo da extensão dos danos (World Bank). O plano internacional, batizado de IRDNA (Integrated Recovery and Reconstruction Assessment), prevê dez anos de investimento em infraestrutura, habitação e saneamento, sob supervisão de um consórcio formado por ONU, União Europeia e Egito.


Mas a ajuda internacional tem dono. Grandes construtoras e fundos ligados a países árabes, além de conglomerados europeus e israelenses, já disputam contratos de bilhões. A ONU alertou que “a reconstrução de Gaza não pode se tornar mais uma fonte de dependência econômica e política” (UN News).


Enquanto isso, o bloqueio terrestre e marítimo imposto por Israel continua restringindo a entrada de materiais de construção, combustíveis e medicamentos, atrasando o socorro e perpetuando a dependência humanitária (Al Jazeera).


O JOGO DAS POTÊNCIAS

O cessar-fogo também redefiniu o mapa diplomático da região. Os Estados Unidos reforçaram sua posição como mediadores, temendo o avanço da China e da Rússia sobre países árabes insatisfeitos com a política ocidental. Pequim, por sua vez, ampliou acordos energéticos com o Irã e a Arábia Saudita, apostando na reconstrução de Gaza como plataforma de influência econômica no Oriente Médio (South China Morning Post).


A União Europeia, pressionada internamente por movimentos sociais, anunciou em setembro de 2025 a suspensão de exportações de armas “utilizáveis na guerra de Gaza” para Israel, mas sem romper acordos comerciais (Euronews). No tabuleiro global, Gaza tornou-se um símbolo de divisão moral e disputa geopolítica — entre o lucro e a compaixão, entre o poder e o direito à vida.


LINKS PARA CHECAGEM

— Análise sobre energia e controle regional (The Guardian) https://www.theguardian.com/world/2024/dec/18/israel-gas-fields-gaza-marine-deal-egypt-qatar

— Alerta da ONU sobre reconstrução e dependência (UN News) https://news.un.org/en/story/2025/03/1152787

— Disputa de influência após a guerra (South China Morning Post) https://www.scmp.com/news/china/diplomacy/article/3271920/china-steps-role-mideast-post-gaza-war

— Suspensão parcial de exportações de armas (Euronews) https://www.euronews.com/2025/09/15/eu-suspends-israel-arms-export-licenses-gaza-war O conteúdo desta série de matérias foi construído com ajuda da IA e está dividido em quatro partes:1ª Parte — Cessar-fogo, fome e o silêncio dos guardiões da verdade

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