Se a situação do presidente do Brasil era delicada em função das denúncias de corrupção na compra de vacinas, o áudio da ex-cunhada sobre o esquema das rachadinhas, comandado pelo próprio Bolsonaro, é extremamente grave. O caso foi revelado pela jornalista Juliana Dal Piva, em uma série de três reportagens publicadas pelo portal Uol, nesta segunda-feira (5/7).
No áudio, a fisiculturista Andrea Siqueira diz que o irmão, André, não devolvia o que foi combinado e por isso foi demitido por Bolsonaro. "Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu?".
A gravação é do dia 6 de outubro de 2018, véspera do primeiro turno das eleições, e confirma que Jair comandava o esquema de corrupção em que funcionários fantasmas dos gabinetes dele e dos filhos – Flávio e Carlos – devolviam até 90% dos valores recebidos em salários para o clã.
A série de reportagens publicadas pelo Uol mostram que Andrea estava preocupada com o fim da “mesada” que recebida como funcionária fantasma no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), de onde foi exonerada em agosto do mesmo ano.
A jornalista Juliana Dal Piva revela que Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, tratava Jair Bolsonaro como “01”, em conversa com a filha do assessor, Nathália Queiroz, que também atuou como funcionária fantasma no gabinete de Bolsonaro. As matérias indicam que o “tio Hudson” era o responsável por recolher parte da propina dos salários pagos aos funcionários fantasmas dos gabinetes de Flávio na Alerj.
REVELAÇÕES
A fisiculturista confessa que sabe “muita coisa”, que pode “ferrar a vida” de Jair e dos filhos.
“Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? Então, é por isso que eles têm medo e manda (SIC) eu ficar quietinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí”, diz.
Andrea ainda revela que além de Fabrício Queiroz, o coronel do Exército Guilherme dos Santos Hudson, ex-colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), fazia a coleta do dinheiro junto aos funcionários.
“O tio Hudson também já até tirou o corpo fora porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levara e buscava no banco era ele”, disse ela.
“Na hora que eu estava aí fornecendo também e ele estava me ajudando porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais, então assim, certo ou errado agora já foi, não tem jeito de voltar atrás”, emenda.