OS RUMOS DO BRASIL: “O AMANHÃ” ENTRE O STF E O TARIFAÇO DE TRUMP

Alexandre Costa
2 de set.
4 min de leitura

Atualizado: 3 de set.

POR ALEXANDRE COSTA | ESQUINADEMOCRATICA.COM.BR

“Como será o amanhã? Responda quem puder.” O verso imortalizado por Simone volta à cabeça enquanto o Brasil atravessa horas decisivas. Não há cigana, cartomante, búzios ou bola de cristal capazes de antecipar o futuro. O destino imediato do país se joga em dois tabuleiros concretos: o julgamento de Jair Bolsonaro e de militares na Primeira Turma do STF, iniciado nesta terça-feira (2/9), e a ofensiva econômica do governo Donald Trump, que elevou tarifas a 50% para produtos brasileiros. O amanhã, portanto, depende de votos, provas e diplomacia — não de adivinhação.

O JULGAMENTO NO STF (2/9) A Primeira Turma é formada por Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente da Turma), Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino; a decisão sai por maioria simples (3 votos). O cronograma divulgado prevê sessões em 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A segurança foi reforçada no entorno da Corte. A defesa informou que Bolsonaro não compareceria à sessão de abertura.

A defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, classificou nesta terça (2) a minuta apreendida pela Polícia Federal em sua casa como uma “minuta do Google”, afirmando que o texto já circulava na internet, era apócrifo e sem valor jurídico. A declaração foi feita na sustentação oral do advogado Eumar Novacki no julgamento do “núcleo 1” pela Primeira Turma do STF.

Segundo a Agência Brasil, a defesa reiterou que o papel foi localizado impresso durante busca e apreensão, mas “nunca circulou e nunca foi discutido” por Torres. Em manifestações anteriores, a defesa já havia argumentado que o documento estava disponível na web antes de ser encontrado.

Novacki também rebateu a acusação de que Torres teria responsabilidade pelos atos de 8 de janeiro de 2023, lembrando que o então secretário de Segurança do DF estava de férias nos Estados Unidos — viagem que, segundo a defesa, fora programada com antecedência. Em linha com o que disse hoje no STF, a defesa apresentou cronologia e mensagens para sustentar essa versão.

Outro ponto rebatido foi a suspeita de uso irregular da PRF nas eleições de 2022 para dificultar deslocamentos de eleitores no Nordeste. A defesa negou “qualquer ação direta” de Torres determinando operações especiais do órgão.

QUEM SÃO OS RÉUS DO “NÚCLEO 1”

Jair Bolsonaro; Alexandre Ramagem; Almir Garnier; Anderson Torres; Augusto Heleno; Paulo Sérgio Nogueira; Walter Braga Netto; Mauro Cid.

COMO FOI O 1º DIA

Pela manhã, o relator Alexandre de Moraes leu o relatório da ação penal; na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados. A Primeira Turma reservou sessões para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A votação dos ministros — que decidirá pela condenação ou absolvição — deve começar nas próximas sessões.

Em caso de condenação, a soma das penas pode ultrapassar 40 anos, conforme estimativas divulgadas por veículos e penalistas consultados.

PRESSÃO E DISPUTA DE NARRATIVAS Enquanto o STF ouve PGR, relator e defesas, o tema domina o Plenário da Câmara dos Deputados e mobiliza transmissões ao vivo em veículos e plataformas — com cobertura de alternativa como a TVT News. Há também críticas e ações paralelas denunciadas pela imprensa independente como tentativa de sabotar a sessão do Supremo.

O TARIFAÇO DE TRUMP: O QUE ESTÁ VALENDO Após anunciar em 9/7, o governo dos EUA formalizou em 30/7 a tarifa de 50% sobre importações brasileiras, com vigência a partir de 6/8. A ordem executiva previu exclusões setoriais (por exemplo, aeronaves e parte de insumos industriais) e abriu a porta para elevar as alíquotas se o Brasil retaliar.

COMO O BRASIL REAGIU ATÉ AQUI O governo acionou o rito interno: Camex avalia, por 30 dias, medidas à luz da nova lei de reciprocidade; Lula sinalizou “sem pressa” para retaliar, apostando na negociação; e a equipe econômica admite contestar as tarifas em cortes dos EUA. Analistas ponderam que isenções e a diversificação comercial amortecem parte do choque.

O AMANHÃ: CENÁRIOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS

Mesmo em caso de condenação, a prisão não é automática: a regra é execução da pena após trânsito em julgado; podem ocorrer pedidos de vista e recursos que alongam o desfecho. No tabuleiro externo, seguem em curso negociações, análise de contramedidas e eventual judicialização — elementos que redefinem os impactos do tarifaço ao longo das próximas semanas.

No fundo, a pergunta “como vai ser o meu destino?” vale para o país inteiro — e a resposta virá menos do misticismo e mais da capacidade institucional de sustentar o Estado Democrático de Direito enquanto enfrenta pressões econômicas externas.

LINKS PARA CHECAGEM — Ao vivo e agenda das sessões (Agência Brasil). Agência Brasil— Segurança reforçada no STF (Agência Brasil). Agência Brasil— Composição e rito da Primeira Turma (CNN Brasil). CNN Brasil— Bolsonaro não foi à sessão, diz defesa (Brasil de Fato). Brasil de Fato— Debate político no Plenário (Câmara dos Deputados). Portal da Câmara dos Deputados— Cobertura alternativa e transmissão (TVT News). tvtnews.com.br— Análise crítica sobre ações paralelas no Senado (The Intercept Brasil). Intercept Brasil— Anúncio (9/7), decreto (30/7) e vigência (6/8) das tarifas de 50% dos EUA (Reuters/CNN/Ordem Executiva). Reuters+1 CNN Brasil+1 The White House— Resposta do Brasil: Camex, negociação e possível ação judicial (Reuters). Reuters+2Reuters+2— Efeito macro com amortecedores (Reuters). Reuters