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‘MARIGHELLA’, PRIMEIRO LONGA-METRAGEM DE DE WAGNER MOURA, ESTREIA NO DIA 4 DE NOVEMBRO


Marighella estreia no dia 4 de novembro, exatamente no dia em que se completa 52 anos da morte do guerrilheiro morto pela Ditadura Militar. A trajetória do primeiro longa metragem de Wagner Moura como cineasta foi bastante conturbada, com denúncias de censura e desentendimentos com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Carlos Marighella foi interpretado pelo ator e cantor Seu Jorge, o elenco de apoio conta com Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Bella Camero, Maria Marighella, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas, Jorge Paz, entre outros. O filme passou por festivais em Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo, Cairo, com 30 exibições em nações dos cinco continentes. A partir do dia 1º de novembro , o longa terá pré-estreias em todo Brasil.

O filme foi adiado por diversas vezes em função de discordâncias em relação ao histórico do personagem retratado. Carlos Marighella era comunista e foi o criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), uma das principais organizações políticas na luta contra a ditadura. O longa é baseado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães, com ênfase nos últimos cinco anos de vida do guerrilheiro, do golpe de 1964 até a sua morte.


Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, sendo morto a tiros por agentes do DOPS, em uma ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais cruéis agentes da repressão. A proximidade de Marighella e de outros membros de organizações armadas com os frades Dominicanos no bairro das Perdizes, na Zona oeste da cidade de São Paulo, era conhecida por agentes norte-americanos desde dezembro de 1968, informada pelo frei Edson Braga de Souza. Os norte-americanos tomaram conhecimento das relações de Marighella com os frades através das investigações motivadas pelo assassinato de Charles Chandler em 1968.

Na noite de 1 de novembro de 1969 os frades Ivo e Fernando de Brito tomaram um ônibus para o Rio de Janeiro, onde eles tratariam do apoio a militantes vindos de Cuba. No dia seguinte foram presos e levados para o prédio do Ministério da Marinha, onde, no quinto andar, ficava a central de torturas do Cenimar. Após serem barbaramente torturados, em sessões comandas pessoalmente pelo delegado Sérgio Fleury, conseguiram descobrir que os frades tinham um encontro marcado com Marighella. Na madrugada de 4 de novembro, Fleury invadiu o convento dos Dominicanos e prendeu mais cinco frades.

Reprodução / Comissão da Verdade SP

Em uma emboscada preparada a partir das informações obtidas por meio da tortura dos religiosos, Fleury obrigou os frades a confirmar o encontro com Marighella, e o frade Fernando o fez. Eles tinham um código que auxiliou na emboscada: "Aqui é o Ernesto. Esteja hoje na gráfica". O encontro foi marcado na Alameda Casa Branca, uma rua próxima à Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. No dia do encontro, havia uma caminhonete com policiais e um automóvel, com supostos namorados (onde Sérgio Fleury disfarçou-se), além do fusca com Fernando e Ivo. Ao chegar na Alameda, às 20h, dirigiu-se ao Fusca e entrou na parte traseira. Frei Ivo e Fernando saíram rapidamente do carro e se jogaram no chão. Percebendo a emboscada e reagindo ao tiroteio iniciado por Fleury imediatamente reagiu à prisão e foi morto. Segundo Elio Gaspari, Marighella portava um revólver Taurus calibre 32 com cinco balas. Porém, na versão de Mário Magalhães, Marighella estava desarmado.

VETO DO REEMBOLSO Em agosto de 2019, a Diretoria Colegiada da Ancine vetou um pedido de reembolso de mais de R$ 1 milhão feito pela produtora do filme “Marighella”. Segundo a decisão da diretoria, o pedido foi negado porque os recursos pelos quais a produtora O2 pede reembolso são parte da receita já aprovada para o projeto. Eles não poderiam, então, ser ressarcidos com recurso público. Informação apurada e divulgada pelo portal G1.

O portal G1 reportou que na mesma reunião, a diretoria negou outro requerimento em relação ao filme, feito pela O2 e pela SM Distribuidora em 8 de agosto. As empresas pediam que o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) reavaliasse os prazos de investimento na comercialização do filme. Produtora e distribuidora propuseram que as obrigações fossem cumpridas antes da assinatura do contrato de investimento na produção. Segundo estabelece o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Audiovisual, para ter este direito, é preciso já ter o contrato.

“Não recebemos o dinheiro do Fundo Setorial, o qual teríamos direito. Tomamos essa posição. Os produtores foram valentes em fazer isso. Então, estou muito tranquilo”, declarou o ator e diretor. “Me angustiou muito o começo, quando o filme não estreava por uma pressão do governo. Uma má vontade da Ancine. Um episódio claro de censura”, argumentou.

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