HORROR EM SANTO ANTÔNIO DE IÇÁ: MULHER INDÍGENA É ESTUPRADA POR NOVE MESES EM CELA MASCULINA COM SEU BEBÊ E ESTADO DO AMAZONAS OFERECE R$ 50 MIL COMO INDENIZAÇÃO
- Alexandre Costa
- 19 de jul.
- 3 min de leitura

Um crime bárbaro, cometido por agentes do Estado brasileiro, foi revelado em reportagem exclusiva de Rubens Valente, publicada na sexta-feira (18/7), no SUMAÚMA – Jornalismo Socioambiental. Ao ler o texto da jornalista Eliane Brum, em sua página no Facebook, senti uma tristeza imensurável. Não há como ficar imune à denúncia. Mas, escreveu a diretora de redação do site: "Não basta se horrorizar, é preciso agir". Uma mulher indígena do povo Kokama foi colocada numa cela masculina, com seu bebê recém-nascido, e violentada sexualmente durante nove meses por policiais militares, dentro de uma unidade pública da cadeia de Santo Antônio de Içá, no Amazonas. A mulher foi estuprada “pela frente e por trás”, repetidamente, diante de outras pessoas e sob a guarda de agentes do Estado. Hoje ela vive com traumas físicos, sequelas psicológicas profundas e risco iminente de suicídio. Segundo seu próprio relato, ela “foi destruída”. O mais chocante: nenhum dos estupradores foi sequer investigado, muito menos punido.
A BARBÁRIE TEM ENDEREÇO E RESPONSÁVEIS
O caso expõe a face mais cruel e negligente de uma estrutura estatal que não apenas falha em proteger, como atua como agente direto da violência. Trata-se de uma mulher indígena, em condição de extrema vulnerabilidade, encarcerada com seu bebê num local onde deveria estar segura e sob cuidado. Em vez disso, viveu o inferno.
O governo do estado do Amazonas, até agora, não abriu nenhum processo contra os policiais envolvidos. Em uma demonstração de desumanidade institucional, propôs uma indenização de apenas R$ 50 mil reais à vítima. "O contexto que permite uma mulher indígena ser jogada numa cela masculina, ser estuprada em série, assim como seu bebê ser submetido a toda essa violência, é o mesmo que permite que o PL da Devastação seja aprovado por esse Congresso que decidiu nos matar porque os horrendos homens de terno acham que podem nos matar e se safar, porque estão acostumados a se safar", escreveu Eliane Brum

O SILÊNCIO COMO CÚMPLICE
A tragédia só foi possível porque muitos viram, souberam e nada fizeram: colegas, superiores, funcionários da cadeia, agentes públicos. O silêncio e a omissão sustentam a violência. Mais ainda, há cobertura ativa e institucional dos autores desse crime hediondo. E agora, diante da exposição pública do caso, o risco é que a resposta oficial continue sendo a omissão — ou a tentativa de abafar os fatos com indenizações ridículas e discursos de ocasião. A violência cometida contra essa mulher indígena não é um caso isolado — é parte de um sistema.
“Os horrendos homens de terno acham que podem nos matar e se safar, porque estão acostumados a se safar”, escreveu Brum. E esse caso trágico é mais uma evidência do quanto estão certos — até que a sociedade reaja.
NÃO BASTA SE HORRORIZAR. É PRECISO AGIR.
A reportagem de Rubens Valente traz os detalhes de uma barbárie institucionalizada que precisa ser amplamente divulgada, debatida, enfrentada. É urgente exigir justiça para a mulher Kokama, reparação verdadeira para ela e sua família, investigação imediata e punição dos responsáveis.
Não é só um caso. É um sintoma. E se não houver reação contundente da sociedade civil, dos movimentos sociais e dos órgãos de justiça, será também um precedente.
📢 Leia a reportagem exclusiva de Rubens Valente em https://x.gd/GcKgT Compartilhe. Denuncie. Exija justiça. 📲 CURTA, COMPARTILHE, COLABORE E CONTRIBUA
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