“HOMEM COM H” LEVA A VIDA DE NEY MATOGROSSO ÀS TELAS DE CINEMA
- Alexandre Costa
- há 60 minutos
- 3 min de leitura

Alexandre Costa | jornalista
A voz inconfundível de Ney Matogrosso faz dele um dos maiores e mais talentosos personagens da música popular brasileira (MPB). O artista começou a fazer sucesso no início dos anos 70, com o grupo "Secos & Molhados" e, em pouco tempo, caiu nas graças do público. Uma década após ingressar no meio artístico, em 1983, Ney Matogrosso já havia conquistado dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro. Não foi à toa que a revista Rolling Stone o elegeu como a terceira maior voz brasileira. Além do longa metragem que está em cartaz nos cinemas de todo Brasil, desde 1º de maio; a vida do artista será tema enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, no Carnaval do Rio de Janeiro, em 2026.
Dirigido por Esmir Filho, tendo Jesuíta Barbosa no papel de Ney Matogrosso, o filme que retrata sua biografia leva o nome de uma das suas canções de maior sucesso: "Homem com H", lançada em 1981. A irreverência de Ney e a luta por liberdade diante das imposições repressoras da família estão muito bem representadas por Rômulo Braga, que interpreta o seu pai no longa metragem. CONFIRA O TRAILER DE HOMEM COM H
Filho de militar, Ney teve uma infância nômade, mudando de cidade com frequência, o que o levava a solidão. Quando menino, sempre que tentava mostrar suas tendências artísticas à família, era reprendido com violência pelo pai, repetia que o garoto deveria virar homem. Ao completar 18 anos, assumiu sua homossexualidade e decidiu deixar a casa dos pais para ingressar na Aeronáutica. Gostava de ler sobre teatro e música e desde a adolescência cantava em bares e cabarés da sua cidade natal e dos arredores, com um grupo de amigos. Logo desistiu das forças armadas e foi morar em Brasília, na casa de um primo, onde começou a trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal. Alguns anos depois, foi convidado para participar de um festival universitário, onde chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, atuou dançando e cantando em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido se profissionalizar na área da atuação. Deixou Brasília e desembarcou no Rio de Janeiro, em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie. A vida de Ney Matogrosso mudou de fato, após conhecer João Ricardo (Mauro Soares) e Gerson Conrad (Jeff Lyrio), que estavam montando um grupo e procuravam um cantor de voz aguda. Uma das cenas mais emocionantes de "Homem com H" é justamente o primeiro encontro informal dos músicos que se tornariam os integrantes dos Secos & Molhados. As cenas mostram os primeiros acordes da canção “Rosa de Hiroshima” e de “Sangue Latino”, que se tornou título do disco histórico lançado em 1973 pelo grupo.
Cantor, intérprete, dançarino, ator e diretor, Ney de Souza Pereira passou a ser conhecido pelo nome artístico, em referência ao estado do Mato Grosso, onde nasceu no dia 1 de agosto de 1941, na cidadezinha de Bela Vista, na fronteira com o Paraguai e que desde 1979 passou a ser um dos 72 municípios do Mato Grosso do Sul.
Ao longo do tempo, Ney Matogrosso foi construindo uma carreira sólida, com repertório versátil e de alta qualidade, reunindo interpretações de outros grandes compositores do país, como Chico Buarque, Cartola, Rita Lee, Tom Jobim. CAZUZA O romance entre Ney Matogrosso e Cazuza virou assunto nas redes sociais após o lançamento da cinebiografia “Homem com H”, que retrata a trajetória intensa do cantor. Em uma entrevista recente, Ney surpreendeu ao revelar detalhes da relação que viveu com o roqueiro ainda nos anos 1970, incluindo um episódio polêmico que marcou o fim do namoro.

Os dois se conheceram em 1979, quando Cazuza tinha apenas 17 anos. Ney, então com 39, já era um ícone da música brasileira e fazia sucesso com a banda Secos e Molhados. A diferença de idade nunca foi um problema entre eles. Porém, o namoro durou apenas três meses. Já a amizade entre os dois durou até a morte de Cazuza.
Ney contou que se apaixonou profundamente, mas que a convivência era difícil. Segundo ele, Cazuza tinha uma personalidade dividida: em público, era provocador, excessivo e consumia muitas drogas; em casa, mostrava um lado doce e encantador. “Foi uma das pessoas mais encantadoras que conheci”, declarou Ney.
O fim do namoro foi motivado pelo sumiço de Cazuza por quatro dias. Reapareceu em sua casa completamente alterado, sujo, fedendo e acompanhado de um traficante. Os dois discutiram e Cazuza cuspiu em Ney. “Aí dei um tapa na cara dele e mandei ir embora”, revelou.