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A CONTINUAÇÃO DO GOLPE: ANISTIA, INDULTO E A AMEAÇA À DEMOCRACIA

POR ALEXANDRE COSTA | ESQUINADEMOCRATICA.COM.BR

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No domingo, 7 de setembro, os brasileiros estarão novamente nas ruas para defender a soberania e a democracia. As mobilizações acontecem em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, ao mesmo tempo em que persistem iniciativas no Parlamento para aprovar anistia e promessas de indulto, na tentativa de dar continuidade ao golpe por vias institucionais.

O cenário é de turbulência e de riscos internos e externos. Enquanto setores da extrema direita buscam normalizar a violência política, os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, intensificam pressões contra o Brasil. Depois de impor tarifas de 50% sobre produtos nacionais, a Casa Branca ameaça agora impedir a entrada de representantes brasileiros em território norte-americano para a Assembleia Geral da ONU, em mais um gesto que reforça a disputa geopolítica e a fragilidade das relações diplomáticas.

A tentativa de golpe de Estado deixou marcas profundas na democracia brasileira. A invasão das sedes dos Três Poderes, articulada por grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, resultou em processos, condenações e investigações em curso. Dois anos e meio depois, setores da extrema direita tentam virar a página, mas não pelo caminho da autocrítica ou do respeito às instituições. A estratégia, agora, passa pelo Congresso e pela retórica política: projetos de anistia, promessas de indulto e a desqualificação das apurações. Esse movimento é descrito por analistas como a “continuação do golpe”, reconfigurado em novas trincheiras. A linha do tempo do bolsonarismo nos mostra um ciclo, que vai da apologia à ditadura, passa pelo envolvimento com integrantes de milícias e termina com a tentativa de golpe. O bolsonarismo é uma ameaça ao Brasil, que renasce a partir da pressão da extrema direita pela anistia a golpistas. Fica evidente que existe um fio condutor na trajetória política e na construção de um projeto autoritário, apoiado por negligências, ilegalidades, mentiras e cumplicidade com o crime organizado. O grande desafio do Brasil será romper definitivamente com esse ciclo de destruição do Estado e reafirmar que democracia e impunidade são incompatíveis.

CRONOLOGIA DOS CRIMES

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2016 – APOLOGIA À TORTURA

Durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro dedicou seu voto ao torturador Brilhante Ustra, abrindo um ciclo de normalização da apologia à ditadura e à violência institucional【Portal da Câmara dos Deputados†source】【YouTube†source】.

2018–2020 – RACHADINHA E MILÍCIA

O caso das “rachadinhas” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro ganhou repercussão nacional. Investigações do Ministério Público do RJ indicaram desvio sistemático de salários de assessores, mas decisões-chave foram anuladas pelo STJ e pelo TJ-RJ【CNN Brasil†source】.Em paralelo, a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, em 2020, trouxe à tona interceptações telefônicas que mencionavam “Jair” e “a casa de vidro”. A apuração foi suspensa por impedimento legal, mas expôs suspeitas de conexões entre o Planalto e a milícia carioca【Intercept Brasil†source】【UOL Notícias†source】.

2019 – AVIÃO DA FAB E COCAÍNA

Em junho, o sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues foi preso na Espanha com 37 kg de cocaína em voo da comitiva presidencial rumo ao G20 no Japão. Investigações posteriores revelaram que ele já havia transportado drogas em pelo menos sete viagens oficiais. O militar foi expulso e condenado a 14 anos e 6 meses pela Justiça Militar da União, além de cumprir pena na Espanha【El País Brasil†source】【O Globo†source】【UOL Notícias†source.】

2019–2022 – MOTOCIATAS E CARTÃO CORPORATIVO

Bolsonaro promoveu dezenas de motociatas com altos custos de segurança e logística bancados pelo Estado. Paralelamente, gastos milionários no cartão corporativo da Presidência foram denunciados pela imprensa e analisados por órgãos de controle【CNN Brasil†source】【O Globo†source】【UOL Notícias†source】.

2021–2022 – CASO DAS JOIAS

A Polícia Federal apurou a venda irregular de joias sauditas e outros presentes oficiais. Mauro Cid declarou ter repassado US$ 86 mil a Bolsonaro após negociações nos EUA. O ex-presidente foi indiciado por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa【Brasil de Fato†source】【Reuters†source】.

2022 – ELEIÇÕES E MINUTA DO GOLPE

Após a derrota eleitoral, a PF encontrou na casa do ex-ministro Anderson Torres uma minuta que previa intervenção militar e anulação das eleições. As defesas tentaram desqualificar o documento como “minuta do Google”, mas seu contexto reforça a acusação de preparação golpista【VEJA†source】【Dspace Mackenzie†source】.

2023 – O 8 DE JANEIRO

Milhares de bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, na tentativa de anular o resultado eleitoral. O episódio resultou em centenas de prisões, ações penais e condenações no STF. Foi o ponto culminante da ofensiva contra a democracia.

2024–2025 – ANISTIA E INDULTO

Após condenações e indiciamentos, a extrema direita mudou de estratégia. Projetos de anistia foram apresentados no Congresso (como o PL 1.815/2025, na Câmara, e o PL 2.987/2024, no Senado). Ao mesmo tempo, lideranças como Tarcísio de Freitas passaram a prometer indulto presidencial a Bolsonaro caso cheguem ao Planalto【Portal da Câmara dos Deputados†source】【Senado Federal†source】【Poder360†source】.

2025 – O DIA SEGUINTE DO GOLPISMO

Com o STF julgando Bolsonaro por sua participação na trama golpista, parlamentares aliados tentam deslegitimar o processo e construir a narrativa de “perseguição política”. Juristas alertam que a aprovação de anistia ou a concessão de indulto poderiam legalizar a impunidade e abrir espaço para novas rupturas democráticas【Agência Brasil†source】【Poder360†source】. 2025 - O DIA SEGUINTE DO GOLPISMO

O 8 de janeiro expôs a face mais violenta do projeto bolsonarista. Agora, os esforços para aprovar anistia e articular indulto mostram a tentativa de transformar crimes contra a democracia em episódios sem consequência. Juristas alertam que, caso aprovadas, essas medidas abrirão um precedente perigoso: o de que golpes podem ser tentados sem punição.

A HERANÇA DOS 4 ANOS DE GOVERNO BOLSONARO

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1.      Negligência na pandemia – Chamou a Covid-19 de “gripezinha”, sabotou medidas de prevenção e atrasou a compra de vacinas. O Brasil ultrapassou 690 mil mortes, mais de 10% do total mundial, embora tenha menos de 3% da população.

2.      Fome e insegurança alimentar – O país voltou ao mapa da fome: 33 milhões de pessoas sem comida e 127 milhões sem garantia das três refeições diárias.

3.      Inflação nas alturas – Índice geral acima de 10% desde 2021, alimentos com quase 15% de alta. A cesta básica teve aumentos de até 66% em produtos como batata e leite.

4.      Explosão dos combustíveis e da energia – Diesel subiu 203%, gasolina 169% e gás de cozinha 119%. Enquanto isso, o salário mínimo só cresceu 21,4%, abaixo da inflação.

5.      Desvalorização do salário mínimo – Pela primeira vez em três décadas, o valor foi reajustado abaixo da inflação, reduzindo o poder de compra da população.

6.      Endividamento recorde – Quase 80% das famílias brasileiras têm dívidas; 29% com contas em atraso. A crise atinge principalmente mulheres chefes de família.

7.      Desemprego e informalidade – Em 2022, havia 10,6 milhões de desempregados, sendo 7,6 milhões jovens. Quase 40% dos trabalhadores atuavam sem carteira assinada.

8.      Estagnação da indústria e do comércio – A indústria faturava 22,5% menos do que no governo Dilma. No comércio, as vendas caíam sucessivamente.

9.      Juros entre os mais altos do mundo – A Selic foi a 13,75%. O Brasil passou a ter os maiores juros reais do planeta, favorecendo bancos e penalizando trabalhadores endividados.

10.  Carga tributária crescente – Bolsonaro prometeu isentar do IR quem ganhasse até cinco salários mínimos, mas não cumpriu. Mais brasileiros foram obrigados a pagar imposto, sem alívio para a classe média. 

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— Intercept Brasil – “As ligações de Bolsonaro com o PCC de Marcola e o crime organizado” (22/10/2022). https://theintercept.com/brasil

Portal da Câmara dos Deputados: https://www.camara.leg.br

El País Brasil: https://brasil.elpais.com

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