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TEMPOS SOMBRIOS: NEGACIONISMO E RETROCESSOS PULSAM DENTRO DAS ESCOLAS NO BRASIL E NO MUNDO

Atualizado: 20 de mar. de 2022


As marcas destes tempos sombrios em que nos encontramos se espalham pelo planeta nas mais variadas formas e em diversos locais. As disputas pela concepção da vida em sociedade têm transformado as escolas em ambientes conturbados, propagadores de retrocessos e que se opõem à ciência. Por trás do negacionismo que se dissemina pelo mundo, se multiplicam os preconceitos.


Os três casos abaixo, todos ocorridos dentro de escolas, duas no Brasil e outra nos Estados Unidos, sintetizam a triste realidade contemporânea. O professor que levou uma churrasqueira para dentro de uma sala de aula e junto com seus pupilos queimou as máscaras de proteção à covid, a revista das roupas vestidas por alunas ou a simulação da venda de estudantes negros apenas confirmam que vivemos em um mundo cada vez mais cruel, insensível e desumano.

A GUERRA DAS MÁSCARAS Na sexta-feira (18/3), um professor da rede estadual de São Paulo levou uma churrasqueira para dentro da sala de aula e ateou fogo nas máscaras usadas pelos seus alunos. O ato, repleto de simbolismos, foi filmado e logo o vídeo viralizou nas redes sociais. Enquanto cidades e municípios publicam decretos abolindo a necessidade do uso de máscaras, a covid segue ceifando vidas.


A atitude do professor é a fiel expressão do negacionismo irresponsável, cego e inconsequente que se alastra pelo Brasil e que não é muito diferente do restante do mundo. Incinerar máscaras não interrompe a pandemia, tampouco apaga a memória recente da tragédia imposta pelo coronavírus, que já matou mais de quatro milhões de pessoas no mundo, sendo cerca de 657 mil apenas no Brasil.


DESRESPEITO ÀS LEIS Em outra escola estadual, também em São Paulo, alunas relataram em publicações nas redes sociais que foram retiradas de sala de aula poelos funcionários da instituição por vestirem cropped, regatas e calças rasgadas.


De acordo com as alunas da Escola Estadual Parque Anhanguera, localizada na Zona Norte da capital, funcionárias do estabelecimento de ensino passaram de sala em sala pedindo para que todas as alunas mulheres se levantassem, e aquelas que estivessem com uma roupa que a escola considerasse inapropriada foram retiradas da sala e mandadas para a secretaria da escola. As meninas também relataram que foram obrigadas a despir as peças de cima, como casacos e moletons, para que fossem conferidas as roupas que estavam por baixo.


O advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, afirmou que a atitude contraria frontalmente as finalidades educacionais e sociais da escola. Ele advertiu que as leis vigentes no país foram desconsideradas, referindo-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Maria da Penha e o Estatuto da Juventude".


ALUNOS VENDIDOS COMO ESCRAVOS NOS EUA A triste realidade destes tempos sombrios não se restringe ao Brasil. Os retrocessos pulsam pelo mundo. Em uma escola da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, alunos da JS Waters School, em Goldston, simularam um “leilão de escravos”. O filho de Ashley Palmer reclamou no Facebook sobre o incidente em que seu filho e os colegas negros foram “vendidos”. A JS Waters School tem 195 alunos, sendo 68% deles brancos.


“Nosso filho passou por um leilão de escravos por seus colegas de classe e, quando ele se abriu, disse que esse tipo de conduta parece ser a norma na escola, tanto que ele achou que não valia a pena compartilhar”, alegou Palmer. “Seu amigo ‘foi vendido por US$ 350’ e outro aluno era o chefe dos escravos porque ‘sabia como lidar com eles’”, escreveu a mãe.


“Desde quando as crianças são tão descaradamente racistas? Por que essa cultura é aceitável? Os pais ensinam aos seus filhos que esse comportamento não é correto. Ensine-os também que silêncio é cumplicidade e rir é ainda pior”. A mãe ficou mais furiosa ainda quando soube que os envolvidos receberam apenas uma suspensão de um dia pelo ato abominável, o que provocou indignação na comunidade.

Um grupo chamado “Chatham Organizing for Racial Equity” disse, em um comunicado de imprensa dias após o ocorrido, que o leilão envolveu estudantes do ensino médio e foi realizado “na presença de funcionários e professores enquanto era filmado”.


Segundo o NY Post, o superintendente das escolas do condado de Chatham, Anthony Jackson, pediu desculpas pelo incidente e ordenou ações imediatas para evitar que atividades semelhantes acontecessem novamente. “Quero pedir desculpas a todos os alunos que já se sentiram inseguros sob nossos cuidados, a todos os alunos que já se sentiram humilhados, desrespeitados ou marginalizados por causa de sua raça, etnia, sexo, gênero, religião ou deficiência”, disse Jackson, conforme informou o Daily Beast.

Durante a reunião que tratou do episódio, Christy Wagner, pai de um dos alunos negros “vendidos”, fez um apelo emocionado ao conselho. “A realidade é que esses atos de racismo não estão acontecendo apenas aqui no condado de Chatham, mas na Carolina do Norte e em todo o país”, argumentou. “Mais deveria ser feito para abordar o racismo nas escolas, porque nenhum pai deveria ficar aqui depois de ouvir que seu filho foi vendido em um comércio de escravos na escola”, afirmou o pai, conforme informou também o News & Observer.

 
 
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