O VÍRUS DA FOME É INVISÍVEL E SILENCIOSO
A realidade imposta pela pandemia do coronavírus trouxe consigo um outro drama para os mais pobres e necessitados no país. Em tempos de isolamento social, de cidades fantasmas e de ruas vazias, o vírus da fome invadiu sorrateiramente a vida de milhões de brasileiros. Em Porto Alegre, o exemplo de solidariedade no combate à propagação do coronavírus vem de um grupo acostumado a lutar por grandes causas sociais.
O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, criado em 2016 para denunciar o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, já organizou algumas iniciativas para arrecadar dinheiro e comprar alimentos para grupos de pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social. De acordo com o sociólogo Benedito Tadeu César, um dos coordenadores e fundadores do Comitê, o grupo decidiu destinar R$ 3 mil para uma ação emergencial.
“O Comitê dispunha de uma reserva financeira, resultado do acúmulo da contribuição dos seus apoiadores, então compramos cestas básicas e produtos de limpeza e higienização que foram entregues para a Associação Caminhos das Águas, que trabalha com as catadoras e catadores, localizada na Rua Voluntários da Pátria, no centro de Porto Alegre”, relatou Benedito.
A iniciativa, segundo ele, foi fruto de discussões coletivas e do entendimento que a pandemia e o isolamento social perdurará por alguns meses e, por isso, o Comitê deliberou que a contribuição será renovada enquanto a pandemia persistir. “Diante da omissão e da irresponsabilidade das autoridades públicas federais, principalmente do presidente da República e do seu ministro da economia que não implementaram até agora medidas efetivas de socorro à população mais necessitada de auxílio para superar a crise decorrente da pandemia do Covid 19, resolvemos nos cotizar e socorrer, dentro de nossas possibilidades, algumas pessoas/famílias ao nosso alcance”, explicou o sociólogo.
O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito tem participado ativamente das iniciativas conjuntas com os movimentos sociais, em Porto Alegre, promovendo debates e discussões sobre conjuntura política, social e econômica.
O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, entidade plural e sem vinculação direta com um ou mais partidos, tem participado de atos públicos, manifestos, organização de eventos, debates e seminários sobre temas relacionados à conjuntura social, política e econômica do país. Além de combater a fome durante o processo de isolamento social, em função da necessidade de barrar a propagação do coronavírus, o Comitê tem travado batalhas em defesa da democracia, denunciando a supressão de direitos, em função das reformas trabalhista e da previdência, da privatização do Pré-Sal, do desmonte da Petrobras, dos cortes de recursos nas universidade públicas, entre outros.
ASSOCIAÇÃO DENUNCIA PREFEITURA
No vídeo abaixo, a Associação Caminhos das Águas agradeceu a iniciativa do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, que vai amenizar a situação das catadoras e catadores. No entanto, em tempos de pandemia do coronavírus o que mais chamou a atenção no vídeo foi a denuncia feita pela Associação em relação a uma dívida de mais de R$ 40 mil, por parte da Prefeitura de Porto Alegre, em função da não efetivação do repasse de verbas do contrato do município com a entidade, por um período de mais de um ano.
Nestes dias de isolamento social, de máscaras, de luvas e de álcool em gel, os brasileiros encontram na solidariedade um forte aliado para amenizar a fome, um vírus invisível e silêncio, tão letal quanto a pandemia e tão nocivo quanto o descaso do poder público, explicitado na denúncia da Associação Caminho das Águas contra a Prefeitura da capital gaúcha.
EPISÓDIO 1 - PANDEMIA DE SOLIDARIEDADE AJUDA A COMBATER A FOME E AMENIZA A INEFICIÊNCIA DO PODER PÚBLICO
EPISÓDIO 3 - SOLIDARIEDADE EM FAMÍLIA NA CONFECÇÃO DE MÁSCARAS DE PROTEÇÃO PARA TRABALHADORES DA SAÚDE