FÉ PARA ENFRENTAR ESSES FILHOS DA PUTA, POR PAULO GAIGER*

Canta Iza, cantam Bethânia e Caetano. Os filhos da puta, isso é, os canalhas, os mentirosos, os corruptos, os bandidos, os imbecis, os estupradores, os camaleões, os violadores, os machistas, os golpistas e tantos cretinos mais, estão entranhados em nosso meio e, não raro, em nossa vizinhança, na família, dentro de casa. E hoje em dia, parece que ser alguém ruim, canalha e mentiroso está na moda, se sobe no ranking das admirações, se pode até ganhar votos mais que suficientes para vereador, deputado estadual ou federal e senador. Nosso congresso e senado é integrado por uma maioria de gente ruim que não sofre de remorso porque não tem compaixão nem empatia. Bolsonaro é um sujeito ruim e imbecil, como bem o denominou, tempos atrás, o Eduardo Leite. O incrível é que mesmo depois de rir-se dos doentes e mortos de Covid, de acusar a vacina, a ciência e a medicina de blefes, de agredir jornalistas mulheres, de difamar professores e professoras e as universidades públicas, de proferir discursos misóginos, homofóbicos e racistas, de mentir sobre as urnas eletrônicas, de debochar dos torturados e desaparecidos durante a ditadura, de fugir para os EUA, de planejar o golpe, o siga uma legião de fãs e defensores do escárnio e do desprezo humano. Não existe nada nesse sujeito que se possa admirar. Muito menos a educação da sua prole. A não ser que alguém admire a covardia. E não escrevo sobre direita e esquerda ou da direita à esquerda. Todavia, existe, em boa parte, uma coincidência entre ser alguém ruim e, ao mesmo tempo, ser alguém de direita ou extrema-direita, que alaba um outro imbecil chamado Nikolas Ferreira e se enoja do Padre Júlio Lancellotti. Todavia, não é espanto para ninguém, que o digam as mulheres, que existem parcelas de machistas, homofóbicos, racistas e misóginos dentro do leque das esquerdas. Uma reflexão intensa e mudanças de paradigmas e atitudes devem estar na mesa de todos, todes e todas, especialmente dos homens. Lá por seu turno, Bolsonaro tentou fazer tudo o que Hugo Chaves e Nicolás Maduro conseguiram com êxito: colocar o congresso e o judiciário a seu favor de maneira desleal, colocar na sua proteção as igrejas evangélicas, as forças armadas e, sobretudo, as milicias para perseguirem os oponentes e descontentes. De sobremesa, a fraude nas eleições, que não são eletrônicas, para permanecer no poder eternamente. Trump parece desejar isso também. Putin já conseguiu. Há quem os admire, da direita à esquerda. Uma ditadura sempre implica em persecução, prisões arbitrárias, censura, fechamento de instituições, fim da justiça, pobreza extrema e favorecimento das elites mais ricas e podres de um país. No Brasil não foi diferente e não seria nada diferente, talvez bem pior, se Bolsonaro e seu séquito tivessem alcançado a covardia de um golpe. Os filhos da puta que o apoiam pensam nas elites. Mesmo os de classe média e pobres de direita que se espelham nas elites podres como se elas os representassem. A atmosfera irrespirável e árida que tomou conta do Brasil se reflete nas tentativas de atentados terroristas, nos esquadrões Legendários e Red pill, no evangelismo diabólico, homofóbico e misógino, na recusa à leitura e às artes, na mentira como verdade a ser disseminada. Tem que ter muita fé para enfrentar. Canto junto com Iza, Bethânia e Caetano.