Frei Sérgio Görgen escreveu um texto no Facebook, para recordar o Massacre da Fazenda Santa Elmira, no município de Salto Jacuí, ocorrido em 11 de março de 1989. O episódio foi um marco na vida do MST, se constituindo como o início de uma nova fase na luta pela Reforma Agrária no estado e no Brasil.
Completando 33 anos no dia 11 passado, recordo como se fosse hoje a descrição que fiz sobre o cenário provocado pelo então governo do estado e pela Brigada Militar: Uma praça de guerra: tiros, gente ferida, avião soltando bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. Desespero, gritos e choro por todos os cantos.
A brutalidade da Brigada Militar na ação de despejo, ordenada pelo juiz Hécio de Souza Costa, foi um dos fatos mais marcantes na minha vida. Não havia razão para tanta fúria. Dezessete pessoas foram hospitalizadas, algumas em estado grave. Vinte e três foram presas. Dezenas com ferimentos de todos os tipos. Nenhuma morte; algo quase milagroso com tanta violência e tanto tiro.
Até hoje todos os responsáveis pelo massacre continuam impunes. Contudo, este episódio lamentável demonstrou a coragem coletiva, organizada e a rebeldia camponesa altamente politizada, além de ter criado um fato de repercussão nacional e internacional. Todas as famílias que ocupavam o latifúndio foram assentadas e a luta pela Reforma Agrária se fortaleceu.
As fotos da época foram publicadas pela imprensa, já os desenhos que fazem parte do meu livro são obra da artista Irmã Elda Broilo, scalabriniana, que na época morava no acampamento do MST.