por Alexandre Costa (*)
O Esquina Democrática produziu uma série de matérias sobre o NEGACIONISMO, que além de fazer oposição à ciência, rejeitando conceitos básicos e incontestáveis, se multiplica nas mentes humanas com a mesma velocidade e de forma tão letal quanto a covid-19. O que talvez muita gente não saiba é que por trás da ignorância, das teorias e dos discursos conspiratórios, existem disputas ideológicas e religiosas e, principalmente, interesses envolvendo cifras econômicas gigantescas. O especial TEMPOS SOMBRIOS reúne quatro matérias abordadas a partir de diferentes aspectos. Enquanto cresce a adesão dos famosos ao movimento contra a vacina no mundo inteiro, a situação no Brasil parece bem mais grave. O próprio presidente Jair Bolsonaro tem sido o principal porta-voz das ideias que se opõem e desprezam a ciência. A falta de iniciativas do governo federal diante da evolução do vírus e do grande número de mortes levou o Senado a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga a corrupção e a omissão por parte das autoridades governamentais. O cerco a Bolsonaro cresce a cada dia. Em abril deste ano, o presidente foi alvo de uma representação por crime contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI), pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). O material lembra do alerta da Organização Mundial de Saúde, que em 2019 apresentou uma lista com as 10 maiores ameaças à saúde, sendo o medo da vacina uma delas. Durante a pandemia de coronavírus, grupos avessos à imunização foram responsáveis pela distribuição massiva de fake news em todo planeta. Quem imagina que este é um movimento recente, se engana. O negacionismo que faz vítimas no Texas é tão arcaico quanto os tribunais da Inquisição, que durante o início da Idade Moderna condenavam à morte na fogueira quem defendesse os avanços tecnológicos em detrimento às ideias da Igreja. Imaginamos que seria interessante apresentar alguns conceitos da ciência que têm refutado teorias da terra plana, de que o homem nunca pisou na Lua; que vacinar crianças pode causar autismo e que atualmente a imunização está sendo usada para instalar microchips nas pessoas.
Um dos objetivos deste conjunto de matérias é mostrar que o negacionismo circula por todos os continentes. Transita pela Europa, Ásia, África, Oceania e pelas Américas. Grupos como o QAnon multiplicam a ignorância principalmente entre os menos favorecidos, por meio de ações violentas e de ataques à democracia, com discursos populistas e retóricas em torno das teorias conspiratórias. Independentemente de onde estiverem, estes grupos encontram terreno fértil entre os partidos de extrema direita em todo o planeta. No Brasil, além do desemprego, a pandemia aguçou ainda mais a crise econômica, elevando os índices de desemprego e o percentual de pessoas passando fome. Não bastasse a miséria, o país mergulhou em uma crise política sem precedentes. Ameaças insanas à democracia são protagonizadas por um presidente genocida e seus apoiadores acéfalos. Seja como for, o manto que encobre o negacionismo globalizado começa a cair, evidenciando que a ignorância e a falta de informações geram muito lucro, mesmo às custas da covid-19 e das milhares de mortes causadas pela indústria das fake news.
(*) Alexandre Costa é jornalista e responsável pelo www.esquinademocratica.com
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