Porto Alegre é a capital de um dos estados mais racistas do Brasil. Foi nesta cidade que João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte por seguranças do Carrefour, localizado próximo ao Viaduto Obirici, na noite do dia 19 de novembro do ano passado. A cada dia, a luta contra o racismo no Brasil cresce e o movimento negro se fortalece. O discurso de Matheus Gomes (PSOL), durante a posse dos eleitos para o legislativo municipal da capital gaúcha, além de demonstrar o seu compromisso com a causa e com as bases que o elegeram, foi um tapa de luva na vereadora Comandante Nádia (DEM).

A vereadora chamou a atenção da postura de Matheus e de seus colegas de bancada que não se levantaram durante a execução do hino do Rio Grande do Sul. O vereador pediu a palavra, por questão de ordem, e sua explicação foi praticamente uma aula de história. “Nós, como bancada negra, pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria daqui que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença, não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz: ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’”, disse.
Matheus explicou que é historiador e faz mestrado na UFRGS. "A nossa instituição, a Universidade Federal, é uma das mais importantes do nosso estado, fruto da luta de muitos de nós aqui, já reconhece a não obrigatoriedade das pessoas terem que tocar o hino devido a esse conteúdo racista dele em solenidades oficiais e acho que seria muito importante a Câmara de Porto Alegre também começar a se perguntar sobe esse tema”, argumentou o jovem vereador do PSOL, dizendo: “Nós não temos obrigação disso e nós precisamos fazer um movimento na sociedade pra reverter a existência de uma frase de cunho racista no Hino do Rio Grande do Sul”.