A Coalizão Negra por Direitos, coletivo que reúne entidades do movimento negro de todo o País, realizou protestos, nesta quinta-feira (13/5), em várias capitais. Em Porto Alegre, os manifestantes se reuniram na Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha, e se deslocaram em passeata até o Largo Zumbi de Palmares. O dia 13 de maio marca a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, e tem sido uma data para denunciar o genocídio do povo negro ao longo da história do país, as diferentes formas de racismo e de violência policial. As lideranças políticas, estudantis, dos movimentos sociais fizeram referência à chacina, resultado da operação policial que culminou com 28 pessoas mortas, no Jacarezinho, no dia 6 de maio, no Rio de Janeiro.
VEREADORES Declaração da Bancada Negra neste 13 de Maio Há 133 anos, a promulgação da Lei Áurea acabou formalmente com quase 350 anos de escravização de pessoas no Brasil. Contudo, isso não foi fruto de uma ação isolada, senão uma ação coordenada do movimento negro nas ruas, nos tribunais e nas casas legislativas do país.
A história nos mostra que não houve qualquer política de reparo ou de acesso da população negra à cidadania. Por isso, até hoje sofremos com a herança de mais de 300 anos de escravidão, o que se demonstra nos altos índices de trabalhadores subempregados e desempregados, na parcela que mais sofre com a fome e no maior número de vítimas por Covid-19 no país. A liberdade veio acompanhada do confinamento nas periferias e guetos das grandes cidades. Ao negro tudo foi proibido, na condição de livre lhe foi negado o direito ao estudo e a possibilidade de competir de forma igualitária aos melhores postos no mercado de trabalho.
A violência que assola as comunidades periféricas tem cor e classe social. Quem mais morre pela letalidade do Estado são os jovens negros, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. A Chacina do Jacarezinho, ocorrida na última semana a partir de uma operação policial desastrosa, é um sintoma claro. Essa chacina deixa claro que a violência dentro da lei, tal como era regida segundo os valores, preceitos e código moral da casa-grande, continua sendo a norma dos poderosos no país. Essa democracia, que nos exclui, segue letal com os menos favorecidos e com contornos ainda mais obscuros nos dias de hoje. Para a população negra, o Estado de Exceção sempre foi a regra.
Por isso, nós, enquanto Bancada Negra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, escrevemos essa nota para tornar palavra de ordem os versos do poeta negro e gaúcho Oliveira Silveira no poema intitulado 13 de maio: “e então vamos rasgar a máscara do treze, para arrancar a dívida real com nossas próprias mãos”. E exigimos: Vacina Já! Parem de nos matar!
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