por Claudia Schiedeck (*)
Ler e escrever sempre foram uma grande paixão. Desde adolescente escrevi poemas e textos sobre o cotidiano. Depois, mais adulta, escrevi colunas e páginas para jornais na cidade onde morei: Bento Gonçalves. Mais tarde, descobri no rádio um amor profundo. Assim, toda minha formação foi pautada por dois grandes casamentos: um com a educação e outro com a comunicação. Junto com eles, vieram a política sindical, a política partidária e a política no seu sentido lato.
Então fiquei muito honrada ao receber o convite para escrever e contribuir com o portal Esquina Democrática, o que não poderia ser mais simbólico da minha caminhada pessoal. A Esquina Democrática, em Porto Alegre, foi o início da minha militância política. Lembro das lutas pelas Diretas Já, os comícios do Partido dos Trabalhadores, das bancas com bottons, livros, bandeiras, do Fora Collor... Era um mundo colorido, cheio de energia e completamente diferente do que encontrávamos no interior do estado (e ainda é), o que nos propiciava sonhar com um mundo mais justo descortinando ideias novas.
Por isso, o desafio de escrever essa coluna me deixa tão entusiasmada. Poder externar minhas convicções nessa época de obscurantismo e negacionismo, num momento em que as pessoas perderam a vergonha de explicitar seus ódios e se acham muito inteligentes por incitar o que há de pior no ser humano, me traz de volta a sensação de potência para retomar o rumo. Precisamos urgentemente normalizar o país. O que não é fácil, levando-se em conta que somos governados por um sociopata, um ser abjeto que não tem qualquer empatia pelo sofrimento alheio. Nossa tarefa de resgatar a alteridade é muito árdua. Precisamos de muita paciência e muito trabalho.
E aviso ao leitor: não esperem de mim escritos teóricos, fundados em grandes autores e repletos de conceituações. Não pretendo, nesse espaço, ser acadêmica. Sou uma pessoa simples e, antes de tudo, uma curiosa, que busca na teoria a complementação para aquilo que vê e sente. Não sou uma intelectual de esquerda. Sou uma mulher de esquerda que retoma a teoria para elaborar sua concepção de mundo. É desta maneira, meio freireanamente, que vou construindo meus sentidos a partir das reflexões e experiências vividas.
É difícil ter esperanças quando nos deparamos cotidianamente com a morte estampada nos jornais, com a violência que contorce o rosto das pessoas, com a miséria que volta a rondar cada esquina. No entanto, este é nosso aqui e agora. É a partir dele que temos a obrigação de esperançar. E eu vou começar 2021 assim: refletindo, escrevendo e esperançando. Por nós e por aqueles que precisam de um mínimo de luz e empatia.
Espero que vocês estejam conosco aqui, na Esquina Democrática virtual: um lugar de muita luta, mas também de muita construção política.
#TamosJuntos Claudia Schiedeck é ex-reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS).
leia a primeira coluna da Claudia Schiedecke ONDE FOI QUE ERRAMOS?