RETRATO DA GUERRA: FOME EM GAZA ATINGE NÍVEL MÁXIMO EM ESCALA DA ONU E DEIXA MEIO MILHÃO EM SITUAÇÃO DE CATÁSTROFE HUMANITÁRIA

A foto de Mahmoud Issa/Reuters mostra que a crise humanitária na Faixa de Gaza atingiu um novo e trágico marco: A imagem é de 24 de julho de 2025 e mostra Samah Matar ao lado de seu filho desnutrido Youssef, que sofre de paralisia cerebral, em uma escola onde eles se abrigam na Cidade de Gaza. Segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o território palestino alcançou o nível 5 na Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC), o estágio mais grave da escala internacional, definido como "catástrofe humanitária".

O documento divulgado nesta segunda-feira (29) aponta que ao menos 500 mil pessoas — cerca de um quarto da população local — enfrentam fome extrema, desnutrição aguda e risco elevado de morte por inanição. A FAO alerta para o colapso de todas as estruturas de apoio à vida: alimentos, água potável, assistência médica e abrigo.

A crise se agravou em meio ao cerco imposto por Israel, criticado duramente por organizações internacionais por bloquear o acesso terrestre de ajuda humanitária. Nos últimos dias, após crescente pressão externa, o governo israelense permitiu a entrada de alguns suprimentos por via aérea, medida considerada insuficiente pelas agências da ONU.

ENTENDA O QUE SIGNIFICA O NÍVEL 5 DA IPC

A classificação da FAO e de outras organizações internacionais considera três critérios principais para caracterizar uma situação como nível 5:

FALTA EXTREMA DE ALIMENTOS

Pelo menos 20% das famílias vivem sem acesso mínimo a comida. Em Gaza, o relatório afirma que esse limiar já foi ultrapassado em praticamente todo o território.

DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE

Pelo menos 30% das crianças sofrem de desnutrição aguda severa. Na Cidade de Gaza, a desnutrição global atingiu 16,5% nas primeiras semanas de julho, cruzando o limite da fase 5. O dado é ainda mais alarmante quando somado à deterioração do acesso à água potável e à ausência de serviços básicos de saúde.

MORTALIDADE ELEVADA

A taxa registrada é de ao menos duas mortes por dia para cada 10 mil pessoas, em decorrência direta da fome ou de doenças relacionadas à subnutrição. Essas mortes são contabilizadas à parte dos conflitos armados ou ataques militares.

"A FOME SE ESPALHA POR TODA A FAIXA DE GAZA"

Imagens vindas de abrigos improvisados mostram mães desesperadas tentando alimentar filhos em estado avançado de desnutrição. Um dos registros mais comoventes foi o da palestina Samah Matar, ao lado de seu filho Youssef, com paralisia cerebral, em uma escola na Cidade de Gaza, no dia 24 de julho. O menino aparece pele e osso, imóvel, sem acesso a leite ou atendimento especializado.

A ONU e diversas ONGs internacionais alertam que a situação pode se tornar ainda mais trágica nos próximos dias, caso a ajuda humanitária não seja liberada de forma rápida, segura e em volume suficiente.

ISRAEL É CRITICADO POR BLOQUEIO DE AJUDA E INTERFERÊNCIA HUMANITÁRIA

Apesar da liberação pontual de alimentos por via aérea, o bloqueio de caminhões e corredores terrestres segue ativo em diversas regiões. Organizações como Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha Internacional já denunciaram que Israel está impedindo deliberadamente a entrada de insumos médicos e alimentos essenciais.

A crise se prolonga desde o agravamento do conflito em outubro de 2023 e tornou-se, segundo o relatório da FAO, "um cenário de fome provocada e previsível", com indícios de responsabilidade direta por parte das forças ocupantes.

RESPOSTA INTERNACIONAL É CONSIDERADA LENTA E INSUFICIENTE

Diversos países têm condenado a situação, mas até agora poucas medidas concretas foram tomadas. A Assembleia Geral da ONU debate uma resolução de urgência exigindo cessar-fogo imediato e abertura irrestrita de corredores humanitários. O Brasil, por meio do Itamaraty, também se pronunciou em defesa da soberania palestina e pelo fim imediato do bloqueio.

Enquanto isso, a fome se alastra e atinge, principalmente, crianças, idosos e pessoas com deficiência — os mais vulneráveis em uma das maiores tragédias humanitárias deste século.

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