Porto Alegre é uma das cinco capitais do Brasil em projeto de prédios grafitados por mulheres
- Alexandre Costa

- 16 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de dez. de 2023
O projeto Contemporâneas Vivara retrata os ciclos que compõem a vida, desenvolvido em 2023, em cinco atos. Em um lugar e em uma arte onde o convencional é eles prenominarem, dez grafiteiras e uma poetisa reforçam como o espaço urbano também é um lugar de mulher. Para o primeiro ato, as poetas Luz Ribeiro e Verena Smit presenteiam a cidade com versos sobre a maternidade. Para o segundo ato, Banca Galeria recebe a instalação da artista Naíma Almeida, com 5 poetas e 4 musicistas, sobre as 4 estações. Para o terceiro ato, as poetas Ryane Leão e Liana Ferraz presenteiam a cidade com versos sobre o amor. Para o quarto ato, no projeto de Videoarte Rua, seis artistas espalham suas videoartes em telas de abrigos de ônibus. E, para o quinto ato, dez artistas de cinco cidades diferentes, presenteiam suas cidades com pinturas do sol e da lua.
Juntas, elas assinam 18 murais, alguns deles são pinturas em prédios com mais de 15 andares, em cinco capitais brasileiras. Da idealização, passando pela captação de recursos, criação e até a execução das obras, são elas quem comandam o Contemporâneas Vivara, projeto que, mesmo no terceiro ano, ainda enfrenta desafios para colocar o universo feminino na arte urbana.
Com 90% da equipe feminina, a terceira edição do projeto leva a temática “Arte, Rua e Poesia” para as cidades de Manaus, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A poetisa de Aline Bei criou versos para cada mural, em cada cidade, todos inspirados em poéticas do feminino e na proposta da curadora Vivi Villanova: levar o sol e a lua para as obras, em formas, cores e “sentidos diversos para o dia e a noite – as duas forças que agem continuamente sobre a vida da cidade”, explica a também diretora artística.
Além de levar um olhar mais feminino para a arte de rua, onde hoje a maioria das empenas no País são assinadas por homens, as 10 artistas, mesmo sem combinar, enfatizaram um mesmo olhar sobre a temática. “A gente percebeu que as artistas acabaram fazendo autobiografias. Então, se você for olhar todos os murais, é um autorretrato da própria artista ali, cada uma na sua característica. Ficou muito interessante isso”, comenta Stefania Dzwigalska, idealizadora e produtora executiva do projeto independente criado pela Tête-à-Tête A Rede, do qual é sócia.
Em Porto Alegre (RS), a artista Pati Rigon também encarou outros extremos do clima: quatro ciclones, alagações, mudanças bruscas de temperatura atrasaram a obra “Encontrava, na brisa da noite, uma alegria pelo que virá”, de 30 metros de altura, localizada no Centro Histórico da capital gaúcha. Para a artista, que grafita ruas na capital gaúcha desde 2015, a maior dificuldade ainda é o “grande abismo quando se aborda o aspecto de gênero”, diz. “Não há nem comparação entre o número de grafiteiros homens com o número de grafiteiras mulheres atuando. A cena do grafite ainda é um lugar muito dominado por homens e pelo machismo, as ruas sempre foram lugares hostis para mulheres, então esse é outro desafio a ser encarado e um novo espaço a ser ocupado cada vez por mais mulheres”, ressalta.

Pati Rigon (LUA) – Obra: Encontrava, na brisa da noite, uma alegria pelo que viráMultiartista gaúcha, trabalha com pinturas a óleo hiper-realistas, grafittis, performances e tatuagens, também é modelo e militante intersexo brasileira. Formada em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS – e pela Politécnica de Turim, na Itália.
Mitti Mendonça (SOL) – Obra: Não esquecerá o nome de seu sonhoÉ artista visual, designer gráfica, ilustradora e produtora cultural. Sua produção artística dialoga sobre a valorização da presença de mulheres na arte, a cura que mora nas memórias afetivas e a conexão com narrativas ancestrais negras.
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