O DIA QUE ENTREVISTEI EDUARDO GALEANO: O CAVALEIRO ANDANTE CONTRA OS MOINHOS DA GLOBALIZAĆĆO
- Alexandre Costa
- 1 de set. de 2020
- 12 min de leitura

Eduardo Galeano completaria 80 anos na próxima quinta-feira, dia 3 de setembro. O jornalista e escritor uruguaio, que nasceu em 1940, em MontevidĆ©u, nos deixou no dia 13 abril de 2015, aos 74 anos, após lutar contra um cĆ¢ncer de pulmĆ£o. Galeano Ć© autor de "As veias abertas da AmĆ©rica Latina", obra lanƧada em 1971, traduzida para dezenas de idiomas e que foi proibida na Argentina, Brasil, Chile e no próprio Uruguai. No ano que vem o livro completa meio sĆ©culo, tendo sido um dos mais vendidos durante os anos 70 e 80. Na obra, Eduardo Galeano analisa a história da AmĆ©rica Latina desde o perĆodo da colonização europeia atĆ© a Idade contemporĆ¢nea, argumentando contra a exploração econĆ“mica e a dominação polĆtica do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos.
Durante o golpe militar no Uruguai, em 1973, Eduardo Galeano foi preso. Para fugir da cadeia, se exilou na Argentina. No paĆs vizinho, chegou a lanƧar o livro āCrisisā, mas em 1976, outro golpe militar, dessa vez liderado pelo general Jorge Videla, coloca novamente sua vida em risco. O nome do escritor vai parar na lista dos esquadrƵes da morte, que executavam opositores ao regime na Argentina. Se refugia na Espanha e só retorna ao Uruguai em 1985, quando da redemocratização do paĆs. No Uruguai, Eduardo Galeano foi chefe de redação do semanĆ”rio "Marcha", na dĆ©cada de 1960, e diretor do jornal "Ćpoca". Aos 14 anos, jĆ” vendia suas primeiras charges polĆticas para jornais uruguaios, entre eles o El Sol, do Partido Socialista.
Recebeu o prêmio Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993. A trilogia "Memória do fogo" foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989.
HISTĆRIA DE UMA ENTREVISTA "ROUBADA"
Em marƧo de 2001, durante o Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, tive a oportunidade de entrevistar Eduardo Galeano para a revista Continente Multicultural, com sede em Recife, em Pernambuco. NĆ£o foi uma entrevista fĆ”cil. Muito pelo contrĆ”rio. Foi a entrevista mais difĆcil que jĆ” fiz. A pauta tratava dos 30 anos do livro "As Veias Abertas da AmĆ©rica Latina", entre outros temas. Acompanhado do fotógrafo RenĆ© Cabrales, nos dirigimos para o local onde o escritor faria sua conferĆŖncia no Fórum Social Mundial.

Auditório lotado, pessoas amontoadas e sentadas pelo chĆ£o. Assim que Galeano terminou sua exposição me aproximei, Ć”gil e com desenvoltura. PorĆ©m, quando estava a um metro de distĆ¢ncia do escritor, senti o peso de duas mĆ£os gigantes contra o meu peito. Os seguranƧas do evento foram irredutĆveis. E Galeano se foi, sumiu e me deixou com um gravador na mĆ£o, um bloquinho com garranchos e uma caneta quase sem tinta. Era um freela e o pessoal da revista jĆ” havia depositado o valor pelo trabalho que eu ainda nĆ£o havia feito. Para piorar a situação, eu jĆ” havia atĆ© gasto a grana. Diante do cenĆ”rio desolador, nĆ£o me restou outra alternativa a nĆ£o ser descobrir onde Eduardo Galeano estava hospedado e fazer uma vigĆlia. Na manhĆ£ seguinte, lĆ” estava eu no saguĆ£o do Plaza SĆ£o Rafael Ć procura do renomado escritor uruguaio. O hotel estava lotado, percorri cada uma das meses no ambiente reservado para o cafĆ© da manhĆ£ e nada de avistar Galeano. EntĆ£o, próximo das 10 horas, horĆ”rio que presumi como sendo o ideal para a entrevista, evitando quaisquer incĆ“modos para o escritor, pedi para a recepção ligar para o seu quarto.
Me identifiquei e comecei a explicar que se tratava de um freela para a revista... Não consegui nem completar a frase... Eduardo Galeano gritou, me xingou e disse que não daria entrevista alguma, desligando o telefone de forma abrupta. Naquele momento, entrei em desespero. Toda minha admiração pela história de lutas do escritor e jornalista, se transformaram em raiva e decepção. Fui para casa frustrado, triste, desolado, quase em lÔgrimas.
A persistência não é um dom, no caso de jornalistas é obrigação. Então surgiu uma luz, uma esperança. Rapidamente montei um "jacaré", na época ainda era uma forma comum para gravar entrevistas por telefone. Respirei fundo, tomei coragem e liguei para o hotel, pedindo que o funcionÔrio passasse a ligação para o quarto do escritor. Me identifiquei como periodista do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul.
Meu espanhol é péssimo, mesmo assim expliquei que estava fazendo uma matéria ... No ouro lado da linha, ouvi apenas um suspiro, demonstrando uma fadiga às minhas argumentações. E Galeano disse que eu deveria ser breve, pois precisava descansar. Fiz apenas duas perguntas e quando tentei fazer a terceira fui interrompido, desta vez de forma educada.
Prontamente, me desculpei e me despedi.
Naquele momento eu jÔ estava eufórico, mas ainda tinha em mãos perguntas sem respostas.
Deixei passar 30 minutos e liguei novamente para o hotel, solicitando que me passassem para o quarto do escritor. Novamente Galeano atendeu. EntĆ£o, mudei de voz, tornando-a mais grave e seca e me identifiquei como jornalista de uma entidade de presos e desaparecidos polĆticos durante a ditadura. Expliquei que precisava fazer duas ou trĆŖs perguntas rĆ”pidas ... Nem terminei de argumentar e ele comeƧou a falar. NĆ£o parecia o mesmo Galeano que horas antes havia me xingado de forma acintosa.
Respondeu duas perguntas, mas interrompeu a entrevista, explicando que estava esperando uma ligação e não poderia dar prosseguimento à conversa.
Agradeci, mantendo aquele mesmo tom de voz e desliguei.
Reuni o material, uma parte escrita, outra gravada e me dei conta que faltava uma Ćŗnica pergunta a ser feita.
Depois de andar de um lado para outro da sala, decidi ligar novamente.
Após ter sido destratado pelo o uruguaio, o que mais poderia acontecer?
Jacaré no bocal do telefone, fios presos, gravador conectado e nova ligação para o quarto de Galeano, no Plaza. O escritor atendeu e quase sem querer mudei novamente a voz. Não consegui reproduzir aquele tom grave da segunda ligação e jÔ nem lembrava mais de como havia falado na primeira vez.
Surgiu uma terceira voz e um terceiro personagem, desta vez com sotaque de gaúcho, bem marcado "tchê" e em volume alto, como se estivesse em um galpão junto à peonada. Expliquei a ele que as perguntas seriam usadas em um boletim do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e fui logo avisando que a entrevista teria de ser rÔpida, pois tinha que fazer uma matéria de uma outra conferência do FSM e não podia me demorar.
Do ouro lado da linha, o mais absoluto silĆŖncio.
EntĆ£o, Eduardo Galeano nĆ£o se conteve e gargalhou. NĆ£o foi uma risadinha qualquer, tĆmida e contida. Galeano gargalhou a ponto de causar suspense sobre o que viria depois. Interpretei como se o escritor estivesse aceitando minhas desculpas pela insistĆŖncia e tambĆ©m pela ousadia de ter apelado para personagens imaginĆ”rios, criados por um repórter em pĆ¢nico diante da possibilidade de perder a sua pauta.
Rimos da situação, fiz a última pergunta ao escritor e finalmente pude me identificar.
Novamente rimos, agradeci e Galeano confessou que havia desconfiado das ligaƧƵes anteriores.
PorĆ©m, explicou que havia sido muito rĆspido com um outro jornalista, logo cedo da manhĆ£, e achou melhor me tratar bem.
Antes de desligar, ainda brincou: "nunca se sabe o que serĆ” publicado no dia seguinte".
Nos despedimos e desliguei o telefone. Permaneci um bom tempo em frente do aparelho,ainda com os fios e o jacaré. Estava paralisado, no mais completo silêncio, como se houvesse cometido um crime e ao mesmo tempo tentando conter a euforia diante de uma entrevista praticamente "roubada".
A entrevista foi transformada em matéria e publicada na edição de março de 2001 da Revista Continente Multicultural (veja as imagens abaixo).
O texto original, no formato pingue-pongue, ainda rendeu outro freela para o Versão dos Jornalistas - SINDJORS.
ENTREVISTA / EDUARDO GALEANO VERSĆO DOS JORNALISTAS TWITTER
A história Ć© um profeta com olhar voltado para trĆ”s: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que serĆ”. Essa frase Ć© do escritor uruguaio Eduardo Galeano e foi publicada na contracapa do livro As Veias Abertas da AmĆ©rica Latina, que estĆ” completando 30 anos de seu lanƧamento em 1971. Em uma Ć©poca que a maioria dos paĆses latinos convivia com as mordaƧas das ditaduras militares, Galeano rompeu o silĆŖncio e denunciou os instrumentos de espoliação, as injustiƧas Ć sombra do poder e o saque ao continente. Fatos, como ele mesmo diz, que insistem em se apresentar como obra do destino e do acaso.
Aos 60 anos, idolatrado pelas esquerdas, Galeano tornou-se sĆmbolo de resistĆŖncia Ć exploração dos povos oprimidos do continente latino-americano. Sua voz nĆ£o cala e suas palavras continuam encantando leitores de todos os continentes. Durante a abertura do Fórum Social Mundial, a atriz Celina AlcĆ¢ntara subiu ao palco de seios Ć mostra e, cercada por desempregados e trabalhadores sem-terra, recitou uma crĆ“nica escrita por Galeano em 1998. A interpretação do texto O Direito ao DelĆrio, que fala de um sĆ©culo 21 sem pobres, guerras e meninos de rua, emocionou a platĆ©ia.
A capacidade que Galeano tem de encantar e de transmitir seus sonhos e a teimosia em querer transformar o mundo levaram mais de 700 pessoas a disputar um lugar no Teatro da PUC, durante a sua palestra no FSM. Todos queriam ver o autor com quem compartilham planos, frustraƧƵes e esperanƧas. Em sua primeira frase o escritor jĆ” arrancou aplausos: āSe podemos organizar toda essa gente aqui, somos mesmo capazes de tudoā, referindo-se ao princĆpio de tumulto causado pela superlotação do auditório. Em seguida, leu uma sĆ©rie de crĆ“nicas suas, onde retrata as dores e os projetos da humanidade e a barbĆ”rie dos tempos que instituĆram āo medo globalā.
O jornalista e escritor Eduardo Hugbes Galeano nasceu no inverno de 1940, em MontevidĆ©u. Aos 14 anos jĆ” publicava desenhos que assinava como āGiusā. Galeano fez de tudo: foi mensageiro, desenhista, peĆ£o em fĆ”brica de inseticida, cobrador, taquĆgrafo, caixa de banco, diagramador, editor e peregrino pelos caminhos da AmĆ©rica. Em MontevidĆ©u dirigiu um semanĆ”rio chamado Marcha e foi diretor do jornal Ćpoca.
Preso pelo regime militar uruguaio, em 1973 comeƧa seu exĆlio na Espanha. Transfere-se para a Argentina, onde funda a revista Crisis com Julio CortĆ”zar, escritor e jornalista argentino. Em 1985, após 12 anos de exĆlio, Galeano retorna ao Uruguai. Para ele, as lembranƧas dos regimes militares ainda lhe causam muita dor. Quando ocorreu o golpe na Argentina, em marƧo de 1976, vĆ”rios de seus companheiros desapareceram e outros foram torturados. Nessa Ć©poca, o escritor de Veias Abertas corria risco de vida, pois seu nome fazia parte de uma lista de procurados.
Em uma entrevista, o escritor disse que a única maneira para a brutalidade das ditaduras não se repetir é manter a história viva. Ele conversou com o jornalista Alexandre Costa.
Versão dos Jornalistas - Quais as perspectivas para América Latina, passados 30 anos da publicação de Veias Abertas?
Eduardo Galeano - A AmĆ©rica Latina empobreceu, perdeu sua soberania e diminuiu sua autonomia, ao mesmo tempo em que o sistema neoliberal global foi se articulando e tornando-se unĆ¢nime, alimentando-se das desigualdades, que sĆ£o cada vez maiores. Por isso, a AmĆ©rica Latina tem um imenso desafio e vamos ver como reage frente a ele. PoderĆ” ser uma cópia do mundo desenvolvido e dos paĆses que nos governam ou poderĆ” seguir o seu próprio caminho, o caminho das suas próprias esperanƧas. Esse Ć© o desafio que estĆ” diante de nós. E eu acredito que o melhor que temos no mundo Ć© a quantidade de mundos existentes, as diferentes culturas e as mais variadas formas das coletividades se expressarem. Ou nos afirmamos com nossos próprios ideais ou vamos nos converter em uma sociedade que aceita a história oficial, nos tornando uma caricatura dos paĆses ricos, que roubam nossa memória e as nossas riquezas. Posso dizer que a situação da AmĆ©rica Latina hoje piorou em relação aos 30 anos que se passaram, desde a publicação de Veias Abertas.
Versão dos Jornalista - Como o senhor vê o neoliberalismo e a globalização?
Eduardo Galeano - O sistema de poder vende a si mesmo como eterno, o amanhĆ£ Ć© outro nome de hoje, e nos convida Ć aceitação como modo de vida. Estamos paralisados por este sistema de poder. Ć assim porque assim serĆ” e nós estamos nos acostumando a esta eternidade e aceitamos tudo como se fosse inevitĆ”vel. Estamos cada vez mais prisioneiros do dinheiro. A globalização, para alĆ©m do comĆ©rcio internacional, nos impƵe uma cultura universal que se apóia no medo. Esse Ć© um mundo paralisado pelo medo que impede de nos mover, atĆ© de tomar medidas que eventualmente nĆ£o sejam aceitas pelo FMI. Nunca o mundo havia sido tĆ£o desigual nas oportunidades que oferece e tĆ£o igual nos costumes que impƵe. O sĆmbolo perfeito Ć© o McDonaldās. Aconteceu a āmcdonaldizaçãoā do mundo. De certa forma, os pobres comem melhor que os ricos, que aceitam essa comida de plĆ”stico.
Versão dos Jornalista - O Movimento Zapatista seria um exemplo para romper estas desigualdades?
Eduardo Galeano - Trata-se de um movimento muito importante, que alcanƧou a justa repercussĆ£o internacional. ComeƧou como uma sublevação local de camponeses que se cansaram dos abusos e rapidamente se espalhou pelo paĆs. A história do MĆ©xico estĆ” dividida em antes e depois de Chiapas e um dos motivos para isso Ć© que o movimento faz um enlace entre o passado e o presente. Marcos nĆ£o Ć© indĆgena e havia ido a Chiapas para ensinar - uma dessas contradiƧƵes da esquerda, influenciadas talvez pela idĆ©ia da ilustração. Humilde, percebeu que ele Ć© quem tinha muito a aprender com a cultura maia, bastante misteriosa para nós e segundo a qual fomos criados pelo tempo e somos filhos dos dias. E ele foi capaz de projetar a reivindicação de Chiapas numa linguagem clara. Acima de tudo, ele tem senso de amor e de humor, coisa que em geral falta Ć esquerda.
Versão dos Jornalista - E Cuba?
Eduardo Galeano - Cuba Ć© um paĆs com o qual eu tenho uma longa relação de amor. Cuba simboliza a dignidade. Mas isso nĆ£o quer dizer que eu nĆ£o tenha crĆticas e divergĆŖncias ao sistema cubano. A minha relação com Cuba Ć© muito verdadeira. E os amigos de verdade fazem crĆticas de frente. Eu penso que a onipotĆŖncia do Estado nĆ£o Ć© a melhor resposta para a onipotĆŖncia do mercado.
Versão dos Jornalista -Como envolver e integrar os movimentos populares da América Latina?
Eduardo Galeano - Da mesma forma com que estão aqui reunidos em Porto Alegre para o Fórum Social Mundial.
VersĆ£o dos Jornalista - Na sua opiniĆ£o, o genocĆdio na AmĆ©rica Latina continua?
Eduardo Galeano - Os paĆses que mais armas vendem ao mundo sĆ£o os mesmos paĆses que tĆŖm a seu cargo a paz mundial. Felizmente para eles, a ameaƧa da paz estĆ” se debilitando e o mercado de guerra se recupera e oferece promissora perspectiva de rendas e de carnicerias ao sul do mundo. Este Ć© um mundo criminalmente organizado. Mata-se muito Ć bala, vende-se cada vez mais armas. De acordo com nĆŗmeros de organismos internacionais Ć© possĆvel afirmar que se o mundo dedicasse 12 dias, apenas 12 dias, do dinheiro que gasta em armamentos para ajudar as crianƧas pobres do planeta, estas crianƧas poderiam ter escola, assistĆŖncia mĆ©dica e comida. Portanto nĆ£o se mata apenas Ć bala. Mata-se tambĆ©m de fome e de doenƧas curĆ”veis. E nĆ£o se matam só os corpos, mas tambĆ©m a alma. HĆ” corpos a andar por aĆ sem vida. E matam o ar, a Ć”gua e a terra. E matam o mundo.
Versão dos Jornalista - Fale um pouco do Plano ColÓmbia.
Eduardo Galeano - Na edição da revista Time de outubro de 1998, publicou-se matĆ©ria sobre a lavagem de 100 milhƵes de narcodólares de Raul Salinas, chamado senhor vinte por cento, porque Ć© o que ele leva em cada operação do governo. Um relatório do Senado norte-americano mostrava que a operação havia sido feita pelo City Bank. A pergunta Ć©: por acaso o City Bank foi preso? Quem vai preso sĆ£o os negros e pobres, porque a luta contra as drogas Ć© a mĆ”scara da guerra social. Trata-se de conter qualquer foco de rebeliĆ£o e o grande exemplo Ć© o Plano ColĆ“mbia. Os narcotraficantes sĆ£o fiĆ©is seguidores do neoliberalismo: onde hĆ” demanda, surge a oferta. E os grandes traficantes ou bancos que lavam dinheiro gozam da maior impunidade. Mas quem sĆ£o os grandes traficantes dos Estados Unidos? SerĆ” que eles nĆ£o existem? Só prendem grandes traficantes na ColĆ“mbia, na BolĆvia, no MĆ©xico. E nos Estados Unidos, nĆ£o existem grandes traficantes? Por isso, esta Ć© uma guerra contra os pobres e somente contra os pobres.
MATĆRIA PARA A REVISTA CONTINENTE MULTICULTURAL


CAPA

Ainda em solo espanhol, Galeano iniciou āMemória do fogoā, uma trilogia sobre a História das AmĆ©ricas. Passando pelos povos prĆ©-colombianos atĆ© o recuo das ditaduras militares na regiĆ£o, Galeano leva para as pĆ”ginas personagens como generais, artistas e revolucionĆ”rios. A história americana Ć© contatada por meio de pequenos textos sobre aƧƵes que mudaram o modo de encarar a vida no continente.
Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). à autor de "De pernas pro ar", "Dias e noites de amor e de guerra", "Futebol ao sol e à sombra", "O livro dos abraços", "Memória do fogo" (que engloba "Os nascimentos", "As caras e as mÔscaras" e "O século do vento"), "Mulheres", "As palavras andantes", "Vagamundo", "As veias abertas da América Latina" e "Os filhos dos dias".
Bibliografia Completa
* Guatemala, paĆs ocupado (1967) * As veias abertas da AmĆ©rica Latina (1971) - Editora Paz e Terra * Vagamundo e outros relatos - (contos) * A Canção de nossa gente (1976) - Romance, Editora Paz e Terra. * Dias e noites de amor e de guerra (1978) - Editora Paz e Terra. * Memória do fogo (I) - Os nascimentos - Editora L&PM * Memória do fogo (II) As caras e as mĆ”scaras - Editora L&PM * Memória do fogo (III) O ciclo do vento - Editora L&PM * O livro dos abraƧos (1989) - Editora L&PM * Nós dizemos nĆ£o (1989) - CrĆ“nicas, Editora Revan * Ser como Eles (1993) - CrĆ“nicas, Editora Revan * Palavras Andantes (1993) - Editora L&PM * Futebol ao Sol e a Sombra (1995) - Editora L&PM * Las aventuras de los jóvenes dioses (1998) - Patas arriba * De Pernas Pro Ar, A escola do mundo ao avesso (1999) - Editora L&PM.