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Foto do escritorAlexandre Costa

O BRASIL DOS RETROCESSOS E DA FOME - CONFIRA O VÍDEO PRODUZIDO POR JONAS TIAGO


Em menos de uma década, o Brasil mergulhou em uma crise econômica com graves consequências para a população, principalmente os mais pobres. A miséria que tomou conta do país é resultado concreto da guinada política que vem desestabilizando a democracia brasileira. Desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, o Brasil vem acumulando retrocessos. O resultado de estudos, levantamentos e pesquisas recentes traduzem em números o que os olhos enxergam diariamente. São 33,1 milhões de brasileiros em situação de fome e mais da metade da população brasileira (58,7%) com algum grau de insegurança alimentar.


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NÚMEROS ALARMANTES

Os números são alarmantes. O Brasil voltou três décadas no tempo, regredindo a um patamar equivalente ao da década de 1990. Conforme levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), a situação é dramática e a busca por soluções se torna cada vez mais urgente.


De acordo com outro estudo, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, também divulgado na quarta-feira (8/6), atualmente existem cerca de 33,1 milhões de pessoas que convivem com a fome, 14 milhões a mais que no fim de 2020.


Após dois anos de pandemia, o número de brasileiros sem ter o que comer quase dobrou no país. Entre 2004 e 2013, políticas públicas de erradicação da pobreza e da miséria reduziram a fome para menos da metade do índice inicial: de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros. Em 2018, última estimativa nacional antes da pandemia da COVID-19, a insegurança alimentar já atingia 36,7% da população. Em comparação a 2022, o aumento chega a 60%. Mais da metade da população do país vive com algum grau de insegurança alimentar, o equivalente a 125,2 milhões de pessoas (58,7%). De acordo com a pesquisa, 15,5% vivem com insegurança alimentar grave; 15,2% com insegurança moderada e 28%, leve. Os números indicam um aumento de 7,2% com relação a 2020. Três em cada dez famílias brasileiras relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos".

Em menos de uma década, o Brasil mergulhou em uma crise econômica com graves consequências para a população. No entanto, é preciso esclarecer que a fome e a miséria que estamos vendo nas ruas do país não começou hoje. O golpe contra a democracia, que contou com o apoio do então vice-presidente Michel Temer, serviu para abrir as portas do país à especulação financeira e ao capital internacional, que aos poucos têm destruído as políticas públicas e o próprio estado. A eleição de Jair Bolsonaro consolidou uma série de mudanças que prejudicaram os mais pobres e apenas serviram para aumentar a concentração de renda dos mais ricos.


Ao contrário do que foi prometido ao povo brasileiro, as reformas da previdência e trabalhista não abriram novos postos no mercado e tampouco melhoraram a renda ou a qualidade dos serviços prestados pelo estado. Serviram para retirar direitos históricos, conquistados a duras penas e ao longo das trajetórias de lutas dos trabalhadores, por meio dos sindicatos e dos movimentos sociais. O mesmo vem acontecendo em relação às privatizações e o pré-sal é emblemático, pois retirou recursos para a educação e para as áreas sociais.


O resultado do golpe que começou com Michel Temer e que levou Jair Bolsonaro ao poder vem afetando a vida dos brasileiros, que passaram a pagar preços exorbitantes pelos combustíveis, gás de cozinha, transporte e alimentação.


“Ao olhar para a fome, é importante lembrar que cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. E que mudanças em percentuais de insegurança alimentar — ainda que pareçam pequenas — significam milhões de pessoas convivendo cotidianamente com a fome”, descreve o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.

RADIOGRAFIA DA FOME

Em média, considerando todas as regiões do país, 3 em cada 10 famílias relatam redução parcial ou severa no consumo de alimentos. No Norte e Nordeste, são 4 em cada 10 famílias; Centro-Oeste e Sudeste, 3 em cada 10, e Sul, 2 em cada 10. As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada ou grave) atingem fatias maiores da população nas regiões norte (45,2%) e nordeste (38,4%). No campo, a insegurança alimentar está presente em mais de 60% das casas. Desses, 18,6% das famílias convivem com a fome - valor maior que a média nacional.

Nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%. Nos lares que têm homens como responsáveis, a fome passou de 7,0% para 11,9%.

Em famílias com crianças menores de 10 anos, a fome dobrou, passando de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2022. Na presença de três ou mais pessoas com até 18 anos de idade no grupo familiar, a fome atinge 25,7% dos lares.


A FOME ATINGE MAIS OS NEGROS

Mesmo quando os rendimentos mensais ficam acima de um salário mínimo por pessoa, a insegurança alimentar é maior nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara preta ou parda, diz o estudo. Cerca de 65% dos lares comandados por pessoas pretas e pardas convivem com restrição de alimentos. A fome, nas residências comandadas por pessoas de cor/raça preta ou parda saltou de 10,4% para 18,1%. Por outro lado, em domicílios com pelo menos um morador aposentado pelo INSS, a fome tem indicativos menores (11,9%).

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