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JUSTIFICATIVAS E MEIAS VERDADES NAS AMEAÇAS DE TRUMP AO IRÃ

por Alexandre Costa

O medo de uma Terceira Guerra Mundial cresceu, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar o ataque a três usinas nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan. O pronunciamento ameaçador de Trump,  neste sábado (21/6), afirmando que o Irã representa uma ameaça ao mundo, é apenas uma justificativa recheada de meias verdades. Não há confirmação de que o Irã tenha armas nucleares, apesar dos institutos de pesquisa e organizações dedicadas à não proliferação nuclear, afirmarem que o país tem capacidade de desenvolvê-las, mas precisa de tempo para isso. Com ar de super-herói cafona e jeca, o presidente dos EUA repete o bordão demagógico de defensor do mundo, utilizado pelos líderes norte-americanos ao longo de décadas, justificado pelos supostos riscos que o inimigo oferece à paz. A história nos mostra que as relações entre EUA e Irã deixaram de ser boas para os americanos a partir do nascimento da República Islâmica, que recuperou a soberania do país. Desde então, os Estados Unidos são aliados de Israel e rivais do Irã no Oriente Médio. É sempre bom lembrar que o programa nuclear iraniano começou justamente com o apoio da potencia norte-americana, na década de 1970, quando ainda eram aliados. No dia 11 de fevereiro de 1979, o governo do primeiro-ministro Shapour Bakhtiar chegou ao fim e o aiatolá Ruhollah Khomeini tomou o poder, acabando oficialmente com a monarquia no Irã. Mas essa é só uma parte da história" (leia mais sobre a relação EUA X Irã no final desta páginas). Voltamos à guerra. De acordo com o Anuário Sipri 2024, nove países têm armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte) e Israel. O levantamento do instituto apontou que existem no mundo, pelo menos, 12.241 ogivas nucleares até março de 2025, quantidade superior às 12.121 ogivas registradas pelo Sipri em 2024.

Ao lançar os ataques ao Irã no dia 13 de junho, Israel usou como argumento o fortalecimento do arsenal nuclear iraniano, pois o Irã tinha prometido aumentar "significativamente" sua produção de urânio enriquecido. Isso ocorreu após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão regulador de energia nuclear da ONU, adotar uma resolução que, pela primeira vez em quase 20 anos, condena o Irã, acusando-o de violar obrigações de não proliferação nuclear. No entanto, o anuário Sipri 2024 também indicou que os programas de milhões de dólares que visam modernizar as bombas nucleares, como os dos Estados Unidos e da Rússia, levam os países a fugirem do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), criado em 1968. O tratado tem como objetivo impedir a propagação de armas nucleares e o desarmamento internacional, ao mesmo tempo que viabilizar a utilização pacífica da energia nuclear e promover o objetivo do desarmamento. Apesar de Israel não aceitar que o Irã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas. Ou seja: pesos e medidas diferentes, conforme os interesses e o poder bélico de cada um. ALTERAÇÃO DA DOUTRINA NUCLEAR RUSSA A tensão que vimos crescer na Europa tem uma das suas origens na reação da Rússia à expansão da OTAN até suas fronteiras, como escreveu Celso Japiassu no artigo "A sombra persistente da guerra", publicado neste sábado (21/6) pela Rede Estação Democracia.   "A possível adesão da Ucrânia à aliança liderada pelos EUA foi o motivo da invasão, segundo as autoridades russas. Além disso, a Rússia tenta restabelecer sua antiga zona de influência. Entre outros fatores, o conflito tem ainda a crise que escalou desde 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia e a ação de grupos separatistas em Donbass. Há temor de que a Rússia, num próximo passo, possa expandir suas ações para outros países vizinhos, especialmente os Estados Bálticos. Vladimir Putin assinou um decreto em novembro de 2024 que altera a doutrina nuclear russa, flexibilizando as condições para o uso de armas nucleares ao mesmo tempo em que fez ameaças diretas contra países que fornecem armas de longo alcance à Ucrânia. A nova doutrina permite o uso de armas nucleares em resposta a ataques convencionais apoiados por potências nucleares, mesmo que não envolvam diretamente armas nucleares. Esta mudança é vista como uma resposta direta ao crescente apoio ocidental à Ucrânia, especialmente após a decisão dos EUA de permitir o uso de mísseis de longo alcance pelas forças ucranianas".

SOBRE A RELAÇÃO EUA X IRÃ

A tensão entre os Estados Unidos e o Irã escalou após um ataque americano em Bagdá que resultou na morte de líderes militares iranianos, refletindo uma rivalidade que se intensificou ao longo das décadas. Embora os dois países tenham sido aliados no passado, especialmente durante o governo do xá Mohamed Reza Pahlevi, a relação se deteriorou após o golpe de Estado de 1953, orquestrado pela CIA e pelo Reino Unido, que derrubou o primeiro-ministro democraticamente eleito, Mohamed Mossadeq. Esse golpe gerou um sentimento antiamericano no Irã, culminando na Revolução Islâmica de 1979. Após a revolução, o aiatolá Khomeini emergiu como líder e criticou abertamente os EUA, apelidando-os de "Grande Satã". A tomada da embaixada americana em Teerã em 1979 e a subsequente crise dos reféns marcaram o rompimento das relações diplomáticas, que permanecem congeladas até hoje. As sanções econômicas impostas pelos EUA começaram sob o governo de Jimmy Carter e foram reforçadas por sucessivos presidentes, incluindo Ronald Reagan e Bill Clinton, devido a preocupações sobre terrorismo e desenvolvimento de armas nucleares. O acordo nuclear de 2015, que ofereceu alívio das sanções em troca da limitação do programa nuclear iraniano, foi rompido por Donald Trump em 2018, resultando em novas sanções que afetaram drasticamente a economia iraniana. O Fundo Monetário Internacional calcula que a economia iraniana deve ter sofrido uma retração de 6% em 2019.

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