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Foto do escritorAlexandre Costa

Carta a Porto Alegre, por Bruna Rodrigues (*)

'Acredito que Porto Alegre não merece ser a Capital da desesperança e da destruição dos serviços públicos'

Fui presidenta do PCdoB Porto Alegre até semana passada e sempre me posicionei enquanto dirigente partidária sobre a necessidade de entendermos que o atual momento exige que a centralidade do debate seja a necessidade de derrotar Sebastião Melo e Ricardo Gomes. 


Hoje me manifesto representando a mulher negra, mãe e periférica que nasceu e cresceu na Vila Cruzeiro. Eu sei o quanto uma vaga na creche para colocar nossos filhos, um transporte público de qualidade e comida no prato mudam as nossas histórias!


Infelizmente, voltei a ver tudo isso novamente, não em minha vida, mas na vida das pessoas que cresceram comigo. E isso dói muito. Sendo assim, não parei de lutar, militar e trabalhar pelos nossos em nenhum momento. Mas, quem define se vamos ter vaga na creche, transporte de qualidade e comida no prato é o prefeito da cidade. E por esse motivo essa eleição é tão decisiva. 


Em 2020 perdemos a eleição para Melo, mas acima de tudo para as fake news, para a desinformação e para a desesperança política que eles ajudaram a propagar. Quem lembra da fake news das carnes de cachorro?! Parece bizarro ao revisitar agora, mas o povo leva a sério o que autoridades políticas falam. Por isso propagar notícias falsas é tão prejudicial para o debate sério. E essa foi só uma das diversas fake news espalhadas.


Portanto, as eleições de 2024 vão nos exigir a mesma ousadia e abnegação que tivemos em 2022. Se pararmos para enxergar a nossa Porto Alegre, veremos que a cidade está sendo vendida em lotes para grandes empreiteiras e construtoras. A emergência climática está afetando os mais pobres (é só olhar para a região das Ilhas); o transporte público está cada vez mais sucateado e o acesso ao lazer e à cultura está limitado aos que possuem o maior poder aquisitivo.


Por isso, mais do que nunca os partidos precisam deixar de lado seus projetos burocráticos e de manutenção das suas estruturas e se direcionar ao que realmente importa. 


Meu partido, o PCdoB, compõe a Federação Brasil da Esperança juntamente com o PT e o PV, mas ainda não chegamos no melhor formato da construção da metodologia de escolha de um nome unitário para representar nossos anseios e sonhos. 


Em 2020, Manuela d’Ávila representou esse sentimento de resgate dos nossos sonhos e esperanças. Lembro de descer a Rua Nossa Senhora do Brasil, no bairro Santa Tereza, e ver os olhos da tia Jussara dizendo que queria ver seu beco asfaltado. E lembro também da Michele, no Eixo Baltazar, na zona norte, que já estava na berlinda da perda do terceiro emprego por não ter a vaga na creche para suas duas filhas. O sentimento da necessidade de mudança e de renovação ocupou Porto Alegre. Não vencemos a eleição, mas foi por muito pouco. 


E o grande legado de 2020 veio através da eleição dessa Bancada Negra combativa, que não é um fim em si mesmo, mas que abre um ciclo de reflexões sobre a contribuição de quem sempre carregou bandeiras, mas pouco se via representado nas lutas no parlamento.

Acredito que Porto Alegre não merece ser a capital da desesperança e da destruição dos serviços públicos. Afinal, a esperança anda ao nosso lado! Foi com muita unidade e construção coletiva que elegemos o presidente Lula e junto com ele uma Bancada Negra no parlamento estadual e federal.


O que elegeu a Bancada Negra foi um sentimento amplo, periférico e popular que alcançou o coração das e dos porto-alegrenses e gaúchas e gaúchos desse estado. O povo quer se ver nesses espaços de decisão, quer fazer parte. E se não for com base no resgate do sentimento de participação, entregaremos novamente a eleição para os vendilhões que governam atualmente Porto Alegre.


Conclamo aqui, portanto, as responsabilidades partidárias, mas, acima de tudo, os que enxergam a necessidade de uma cidade mais participativa e popular. Não podemos aceitar que fechem as portas sobre como iremos enfrentar esse desafio. Não podemos aceitar que a lógica seja invertida.


Lutaremos por um projeto com escuta e discussão popular! Os nomes devem ser parte da construção de um amplo projeto de resgate da democracia participativa e popular que fez com que nossa cidade fosse a capital do orçamento participativo, do “Ele Não” e da eleição da primeira Bancada Negra da História.


Eu sigo dizendo: o projeto vem primeiro! O povo está cansado da politica tradicional, aquela que delimita que nós só servimos para carregar as bandeiras. Agora nós queremos construir!


(*) Bruna Rodrigues é deputada estadual pelo PCdoB.

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