O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento, na noite desta terça-feira (24/3) em cadeia de rádio e TV , afirmando que o Covid-19 é uma "gripezinha" ou "resfriadinho". Ao minimizar a gravidade da pandemia do novo coronavírus e contrariar as recomendações de especialistas de todo o mundo, Bolsonaro cria enorme insegurança no Brasil e sua permanência como presidente já é questionada até mesmo entre os seus apoiadores. O pronunciamento do presidente colocou em cheque as próprias ações e iniciativas do Ministério da Saúde para conter a proliferação do novo coronavírus. Bolsonaro pediu em cadeia nacional para prefeitos e governadores "abandonarem o conceito de terra arrasada". O presidente criticou o fechamento do comércio "e o confinamento em massa" e argumentou que o grupo de risco é formado pelas pessoas com idade acima de 60 anos. "Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos", questionou o presidente, de forma irônica. Durante o pronunciamento do presidente, foram realizados inúmeros protestos, de norte a sul do país, com destaque maior para grandes capitais, como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador.
As críticas ao pronunciamento de Jair Bolsonaro começaram antes mesmo que ele acabasse a fala em cadeia nacional. Vieram todos os setores, inclusive simpáticos ao governo. Rapidamente, a hashtag #forabolsonaro alcançou o topo no Twitter, com 108 mil mensagens até as 22h – e chegando a 245 mil às 23h30. As menções negativas para o pronunciamento superavam, às 22h, em quase o dobro as positivas no canal da TV Brasil no YouTube.
Minutos depois do discurso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o vice, o ex-tucano Antonio Anastasia (PSD-MG), divulgaram nota em que afirmam que o Brasil “precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”.
“Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmaram ainda. Em seu discurso, Bolsonaro contrariou recomendações da OMS, de outros países, de governadores brasileiros e de seu próprio ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que não se pronunciou.
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