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Ameaça de impeachment e as contradições entre as pesquisas de aprovação e os avanços econômicos e sociais do Brasil

por Alexandre Costa

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A pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14/2) aponta para uma queda de 11 pontos percentuais na aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Passou de 35%, em dezembro, para 24%. Já a reprovação que era de 34% em dezembro subiu para 41%. São os piores índices de avaliação nos três mandatos de Lula como presidente, o que demonstra uma contradição em relação aos avanços do país, em apenas dois anos de governo.


A queda de aprovação de Lula faz parte da estratégia criada artificialmente pela extrema direita bolsonarista, amparada pelas fake news, pela mídia tradicional, pelo mercado financeiro e suas manipulações recorrentes dos valores do dólar a partir de interesses do capital internacional. O cenário foi montado e no picadeiro surge a ameaça de impeachment, materializada pelas assinaturas de mais de 100 deputados federais e pelos atos de “Fora Lula”, que estão sendo convocados para o próximo dia 16 de março em várias cidades do Brasil. É difícil explicar o paradoxo que se criou no atual cenário político do Brasil, com a queda brutal da aprovação do governo Lula, mesmo tendo conquistado uma série de índices extremamente positivos e incontestáveis. Como exemplo, podemos citar a taxa de crescimento do país, tendo como parâmetro o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), que dobrou em 2023 e 2024 em relação à média observada entre 2017 e 2022; o aumento do salário mínimo, que de 2023 a 2025 já soma 16,5%; e a queda do desemprego e do nível de pobreza, ambas atingindo os seus menores índices desde 2012.


Em apenas um ano de governo Lula, 8,7 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e a população com renda per capita abaixo de R$ 665 por mês, diminuiu de 67,7 milhões para 59 milhões, sendo a menor dos últimos 10 anos. Além de promover a igualdade salarial para homens e mulheres, o governo Lula aumentou o salário mínimo para R$ 1.518 em 2025, um reajuste de 7,5% em relação ao piso anterior de R$ 1.412, com aumento de 2,5% acima da inflação. Este é o terceiro aumento do salário mínimo desde que o presidente Lula tomou posse, em 1º de janeiro de 2023. O primeiro ocorreu em 2023, quando o valor passou de R$ 1.302 para R$ 1.320. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no país caiu para 6,2% no 4º trimestre de 2024, atingindo o menor patamar anual da série histórica iniciada em 2012. Nos 100 primeiros dias de governo, Lula anunciou o retorno do Minha Casa, Minha Vida que entregou, neste período, 5.693 moradias em 14 municípios de oito estados. A meta até o fim de 2026, é entregar 2 milhões de moradias em todo país. Na educação, o governo Lula reajustou o piso salarial de professores da educação básica em quase 15%, com vencimentos passando de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55.

CONTRADIÇÕES

Após o vazio deixado desde o impeachment de Dilma, em 2016, que se aprofundou com as políticas destrutivas do ex-presidente Jair Bolsonaro, em apenas dois anos de governo Lula o Brasil deu uma guinada, tanto do ponto de vista social quanto econômico. Mas, como é possível que mesmo com tantos avanços, a reprovação de Lula esteja tão elevada?


As respostas para as contradições entre as realizações do governo Lula e a queda dos seus índices de aprovação estão nas próprias estratégias e no árduo caminho para conquistar a governabilidade. Apesar de ser garantida pelo voto, na prática ela impõe muitas manobras políticas e o custo, como se vê, é extremamente elevado.


A ameaça de impeachment é mais um alerta. É preciso discernimento para escolher o caminho. O desafio de baixar os preços, da gasolina e simbolicamente da picanha, e tão grande quanto o de trazer o povo brasileiro para o seu lado. A batalha política que se aproxima não será apenas para dar visibilidade às conquistas e ao trabalho de dois anos de governo. Será preciso desfazer os nós criados a partir da aproximação com os inimigos e das concessões à direita, ao mercado e aos militares. Caso contrário, Lula acabará refém do centrão, esse monstro enorme que tem a força das mídias e o aparato das elites e dos meios de produção e que rouba os sonhos e o futuro do Brasil. *Alexandre Costa é jornalista, responsável pelo www.esquinademocratica.com.br

 
 
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