O protesto contra o golpe e pelo “fora Temer”, realizado na noite de quinta-feira, dia 22 de setembro, em Porto Alegre, é mais uma demonstração da falta de rumo diante da atual situação política do país. A parcela mais organizada e combativa da esquerda se viu diante de um dilema: concentrar as forças na resistência ao golpe ou lutar para conquistar prefeituras e cadeiras nas câmaras de vereadores. Ao optar pela luta momentânea em busca de votos, a esquerda organizada acabou esvaziando as ruas e fragmentando a resistência ao golpe. As decisões em relação ao futuro e aos rumos do país acabaram se misturando às lutas políticas locais, o que é uma visão pragmática, porém extremamente reducionista. Diante do olhar da população, principalmente daqueles que perderam a esperança em relação à política, fica evidente que na hierarquia dos valores, a corrida eleitoral se tornou mais importante do que a luta em defesa da democracia. A sensação entre os cidadãos comuns (aqueles que foram às ruas contra o golpe e que não dependem e não ocupam cargos nas estruturas partidárias) é de total desilusão. Outra questão determinante para a falta de adesão em relação às manifestações e aos protestos contra o golpe e o governo de Michel Temer é a presença de pessoas mascaradas e da proliferação das ações mais radicais, com quebra-quebras e enfrentamento com a Brigada Militar.