
Wagner Moura vai viver Paulo Freire em um filme que pretende contar a história do educador brasileiro, reconhecido no Brasil e mundo por ter criado a Pedagogia do Oprimido, uma teoria que se baseia na conscientização política dos alunos e na valorização da cultura popular. Em 1963, Paulo Freire alfabetizou cerca de 300 pessoas em apenas 40 horas, na cidade de Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte. O título do longa-metragem é uma referência à cidade onde o educador colocou em prática, há exatos 60 anos, o experimento pedagógico.
A educação crítica e libertadora idealizada por Paulo Freire também se transformou em livro, intitulado “Pedagogia do Oprimido”. Apesar da teoria do educador ser aplicada em todo o mundo, a ditadura militar brasileira considerava Paulo Freire uma ameaça. Em 1964, o educador foi preso, seus métodos de alfabetização de adultos foram proibidos e seu livro foi banido. Exilado durante anos, só retornou ao Brasil após a redemocratização do país.
Demonizado pela extrema direita brasileira, o legado de Paulo Freire passou a ser atacado com mais intensidade a partir do crescimento do fascismo no Brasil e com a eleição de Jair Bolsonaro. Milton Ribeiro, então ministro da Educação do governo Bolsonaro, afirmou publicamente que o educador “não era compatível” com o Brasil. Além disso, houve tentativas de censurar a distribuição de livros de Paulo Freire nas escolas públicas, bem como de retirá-lo do rol de patronos da educação brasileira.
O longa-metragem será estrelado por Wagner Moura e dirigido por Felipe Hirsch, que já finalizou o roteiro. Ainda não há previsão para o lançamento do filme, que tem apoio do Instituto Paulo Freire e consultoria da família do educador. O roteiro foi coescrito por Felipe Hirsch, pela roteirista Juuar e pelo escritor Itamar Vieira. Egberto Gismonti assina a trilha sonora e a produção fica por conta de Adriana Tavares (Café Royal), com coprodução de Cenya e Reagent Media.