O ator e agora diretor de cinema, Wagner Moura, foi o convidado do Roda Viva desta segunda-feira (31/10), tradicional programa de entrevistas da TV Cultura, por conta de "Maringuella", primeiro longa-metragem dirigido por ele. Sempre muito claro e objetivo, Moura relembrou o processo de censura "velado", protagonizado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), relativo aos entraves burocráticos e ao repasse de verbas complementares, o que atrasou em dois anos a exibição do filme no circuito comercial. Wagner Moura foi enfático ao relatar a importância de todos combaterem o fascismo em todos os espaços possíveis na sociedade.
"Fazer um filme sobre "Mariguella", no Brasil de hoje, faz parte de um enfrentamento do qual eu tenho muito orgulho de participar. Acho que nós temos que fazer este enfrentamento contra o fascismo. A questão com a Ancine é absolutamente clara de censura. O filme tinha sido contemplado com fundo setorial para complementação de produção e não recebemos o dinheiro, porque os dois pedidos corriqueiros foram negados pela Ancine, no momento em Bolsonaro falava que era preciso filtrar a Ancine, que filmes como Bruna Surfistinha, não podiam existir. E não só o "Maringuella", vários produtos culturais foram cancelados, com editais de temáticas LGBT eram cancelados, Eram várias as situações daquele momento. Eu estou consciente da importância de participar deste enfrentamento. Assim como vocês jornalistas têm que fazer também. Não pode esse cara chegar em Roma e agredirem jornalistas desta maneira. Não pode darem permissão para essa militância dele, covarde, de fazer esse tipo de coisa. Este enfrentamento é de todos nós, todos nós temos que participar. Estou muito feliz que o meu filme tenha sido abraçado e que as pessoas estejam vendo que o filme é um produto da cultura brasileira disposto ao enfrentamento. Os personagens são complexos mas o enfrentamento é bem claro e evidente."