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VOLTA ÀS AULAS SEM VACINA É CHACINA

por Nora Prado (*)



O título deste artigo não foi ideia minha, mas de um post que vi circulando pelo face book desde a semana passada. Achei totalmente a ver com a volta às aulas imposta pelo governador sem que os professores tenham sido vacinados e muito menos considerados como grupo prioritário na fila da vacina. A falta de reponsabilidade por parte dos governantes durante a pandemia é realmente impressionante! Nosso governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, por exemplo, resolveu mudar a cor da bandeira preta para vermelha para, finalmente, mandar os professores e os alunos de volta para o ensino presencial. Assim, mesmo, ele alterou a cor da bandeira sem nenhuma sustentação técnica para isso, simplesmente um absurdo! Esse sádico segue alinhado ao presidente genocida que fez com que alcançássemos a vergonhosa marca de mais de 400.000 mortos pela covid 19 e o país seguindo com um número altíssimo de contágio diário e sem plano sério para contenção do vírus. Por mais que todos sintam-se exaustos de ficar em casa e muitas das nossas crianças e jovens estejam dando sinais de adoecimento emocional, por tamanha privação, não justifica o retorno presencial sem garantias da preservação da saúde e da vida. Sabemos por experiência de outros países, como a França, que o retorno prematuro às atividades presenciais implica em facilidade e rapidez de contágio e alto número de infectados, aumentando proporcionalmente o número de internações e óbitos. A menos que seja uma estratégia de extermínio em massa, nada pode sustentar uma medida tão cruel como essa. Mas a hipocrisia e o cinismo parece ser a tônica dominante destes tempos bizarros onde o mercado e os cifrões importam mais que a vida humana. A falta de consciência e bom senso pelos nossos dirigentes públicos é alarmante e destoa do mundo civilizado com o qual nada querem aprender.

Pretender que crianças a partir de 4 anos do Ensino Fundamental até o último ano do Ensino Médio retornem às aulas presenciais sem qualquer risco para eles próprios, seus colegas, professores e familiares é o mesmo que sair na chuva e achar que não vai se molhar.


O ambiente escolar é formado por diversos profissionais além dos alunos e dos professores. Serventes, porteiros, cozinheiras, jardineiros e todos os trabalhadores que estão vinculados ao funcionamento da vida escolar. A maioria destes profissionais enfrenta uma rotina de ônibus ou lotações congestionados com grande probabilidade de levar o vírus para dentro da escola. Por mais que se realize os protocolos de segurança, o fato é que com maior número de gente circulando maior é o risco do vírus se espalhar promovendo uma terceira onda de contágios num sistema de saúde já comprometido e com profissionais da saúde exauridos.


Qual o sentido de promover tamanho suicídio coletivo eu me pergunto?


Confesso que não encontro resposta, a menos que seja uma tática de extermínio como já disse no início.


Mas o pior é ver gente, supostamente, esclarecida apoiando tal atitude. Ontem à tarde enquanto aguardava o meu filho, que estava em atendimento de fisioterapia, tive que discutir com uma médica que achava o retorno presencial muito natural e producente para as crianças as suas famílias. Não via grande perigo em expô-las a um baixo risco, nas suas palavras, uma vez que as escolas estariam funcionando com todos os protocolos recomendados.


Me desculpem, nesse momento o único protocolo deveria ser a vacinação em massa, o uso da máscara e o distanciamento social de verdade. Não vejo como uma medida dessas possa ser aceita nem pela comunidade escolar.


Veremos o que dizem os números daqui um mês e que Oxalá nos proteja da contaminação que certamente aumentará!

Que os parentes das futuras vítimas saibam de quem será a culpa, de um arrogante que mudou a bandeira preta para vermelha.


Porto Alegre, 30 de abril de 2021.


* Nora Prado é atriz, poeta, professora de interpretação para Teatro e Cinema, atuou na Escola das Artes do Palco - SP.

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