A denúncia de racismo feita pelo jogador de futebol Vinícius Júnior implodiu com as estruturas omissas e coniventes do futebol da Espanha. O jogador brasileiro que atua pelo Real Madrid não se calou diante das agressões recorrentes, durante os jogos da Liga Espanhola, no último domingo (21/5). Aos 22 anos, o atleta reagiu aos gritos repetidos de "mono" chamou o árbitro Ricardo de Burgos, para mostrar de onde vinham as ofensas.
O juiz decidiu paralisar o jogo e a partida só reiniciou após oito minutos quando as agressões cessaram. No fim do confronto, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro. Vini recebeu cartão amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso nos acréscimos.
Na terça-feira, a Federação Espanhola de Futebol anunciou que o clube do Valencia vai ser multado em 45 mil de euros (R$ 240 mil). A entidade também anulou o cartão vermelho para Vini. Desta forma, ele está liberado para defender o Real Madrid contra o Rayo Vallecano, em jogo que acontece nesta quarta-feira (24,) a partir das 14h30 (de Brasília) pelo Campeonato Espanhol.
O órgão aceitou as alegações do Real Madrid, que condenou a atitude de Ignacio Iglesias Villanueva — VAR do jogo do fim de semana — e apresentou documentos com provas sobre diferentes ataques a Vini.
A Polícia da Espanha informou que no total sete torcedores foram presos. Três deles pelos insultos racistas na partida entre Valencia e Real Madrid, e os outros quatro pela simulação de enforcamento com um boneco que usava a camisa de Vini Jr, em janeiro deste ano. Os quatro presos por conta do boneco que fazia referência ao atacante têm ligações com torcidas organizadas do Atlético de Madri e são jovens de 19, 21, 23 e 24 anos. Já os outros três, detidos em Valência pelos insultos racistas direcionados a Vini Jr, prestaram depoimento e foram liberados pela polícia com a obrigação de comparecer em tribunal.
A ação é, segundo fontes da própria polícia espanhola, uma reação à pressão internacional. Tanto no governo espanhol como na Polícia Nacional, a percepção foi de que o clamor internacional ganhou uma dimensão "insustentável" e que era necessário agir. O temor era de que não apenas a imagem da Liga fosse afetada, mas do próprio país. Não por acaso, quando o governo Lula protestou na segunda-feira, a reação das autoridades espanholas foi a de chancelar a queixa brasileira e sinalizar que medidas seriam tomadas. Árbitro de vídeo do jogo entre Valencia e Real Madrid pela LaLiga, Ignacio Iglesias Villanueva será demitido pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF). De acordo com informações do jornal espanhol As, além dele, outros cinco profissionais serão dispensados. No lance, o VAR chamou Ricardo de Burgos Bengoetxea, árbitro principal, para revisar o cartão vermelho dado a Vini Jr.
Só que o árbitro de vídeo exibiu apenas o trecho em que Vinicius acertou o rosto de Hugo, do Valencia, e não mostrou o exato momento em que o jogador adversário agarrou o atacante brasileiro com um mata-leão. Segundo o AS, a federação espanhola entende o ''desconforto'' do Real Madrid com o erro de arbitragem, uma vez que o lance não foi exibido por completo. Por outro lado, a entidade insiste que o protocolo antirracismo foi bem aplicado, já que Bengoetxea paralisou a partida, e o sistema de som do estádio avisou que o jogo só retornaria caso os cânticos racistas fossem encerrados.