
O cenário político brasileiro viveu momentos de turbulência nesta sexta-feira (22/5), em função de dois fatos envolvendo o governo Bolsonaro. No início da tarde, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) ao publicar uma nota nas redes sociais, afirmando ser “inconcebível, e, até certo ponto, inacreditável”, o pedido do ministro Celso de Mello de apreensão e perícia dos celulares do presidente Jair Bolsonaro e do seu filho Carlos. Um pouco mais tarde, o país parou para assistir o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, liberado pelo ministro Celso de Mello, e que pode ser classificado como um verdadeiro espetáculo de vulgaridades. As manifestações do presidente Jair Bolsonaro e de alguns de seus ministros revelam total desprezo pelas instituições da República. Além de palavras de baixo-calão e de xingamentos dirigidos a políticos e autoridades públicas, o vídeo revela o estímulo de Bolsonaro ao uso de armas e mostra também a sua exaltação ao golpe de 1964 e à ditadura militar no Brasil.
NOTA À NAÇÃO BRASILEIRA O documento publicado pelo general Augusto Heleno, faz referência ao pedido de Celso Mello à Procuradoria-Geral da República (PGR) de três notícias-crime contra Jair Bolsonaro. Os requerimentos foram apresentados por parlamentares que pedem investigação sobre a interferência do presidente na Polícia Federal. Augusto Heleno considera que o pedido de Mello é “uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência de outro poder na privacidade do presidente da República e na segurança institucional do país”.

REAÇÕES À NOTA DO GENERAL A nota do general provocou diversas manifestações nas redes sociais. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, respondeu duramente ao comunicado: “@gen_heleno, as instituições democráticas rechaçam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder. Se não puder, #ficaemcasa." Já Flávio Dino (PCdoB), governado do Maranhão, repudiou a ameaça de ruptura da normalidade democrática e afirmou que o comunicado “constitui inaceitável ameaça” ao Supremo. “Na República, nenhuma autoridade está imune a investigações ou acima da Lei. E na democracia não existe tutela militar sobre os Poderes constitucionais.
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) disse que o "general Heleno está ameaçando colocar a democracia brasileira no pau de arara. A nota divulgada agora há pouco é criminosa e revela a conspiração golpista que está sendo tramada por esse governo.” Em seu perfil no Twitter, a ex-ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu (PP-TO) criticou a nota do general Heleno: “É muita ousadia e pretensão assistir a um ministro, general do glorioso Exército brasileiro, ameaçar a DEMOCRACIA. Faça-me o favor, meu senhor”, afirmou a senadora.