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SOBRE O DIA DO JORNALISTA (7 DE ABRIL) E A DEMOCRACIA NO BRASIL


O 7 de abril - dia do Jornalista - é uma data para enaltecer e valorizar o trabalho destes profissionais. Antes de comemorar a data, é necessário refletir. Apesar da contribuição do jornalismo para o mundo, são muitos os desafios diários da profissão. Além do desemprego, dos baixos salários e da carga excessiva de trabalho, não raro os jornalistas convivem com ameaças, agressões e outros tipos de violência.


No Brasil, a desvalorização profissional cresce a cada dia. Desde junho de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não exigência do diploma de nível superior específico para o exercício da profissão de jornalista, a partir de uma ação protocolada pelo Ministério Público Federal, a categoria vem acumulando derrotas. Mas, em tempos em que as novas tecnologias ampliaram o acesso à informação, onde uma pessoa consegue consumir conteúdo na palma da mão, a forma de transmitir essas informações mudou. Com o surgimento das mídias sociais, Facebook, YouTube, Twitter, Instagram, entre tantas outras, a produção e a divulgação de conteúdo é ocupada por quem não é necessariamente jornalista. O aumento da oferta de mão-de-obra especializada faz baixar ainda mais a remuneração dos serviços. Diante do mercado saturado, ainda é preciso conviver com a terceirização dos serviços e a precarização das relações de trabalho.


De acordo com o mais recente levantamento realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2021 foram contabilizados 430 casos de violência contra os profissionais da área. O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa mostra que 2021 foi o segundo ano consecutivo com recorde de registros desde que a série histórica começou a ser feita, na década de 1990. Em 2020, foram 428 casos.


CENSURA A pesquisa da Fenaj mostra que a censura é o tipo de violência mais comum sofrida pelos jornalistas. Foram registradas 140 ocorrências, representando 32,56% do total de casos, enquanto a descredibilização da imprensa – que chegou a liderar a lista em levantamentos anteriores, ficou em 30,46%, totalizando 131 ocorrências.


BOLSONARO As agressões físicas e verbais são comuns e cotidianas. No entanto, o que mais assusta, é que a maior parte destas agressões partiram do presidente Jair Bolsonaro. Em 2021, ele foi responsável por 147 casos (34,19% do total), sendo 129 episódios de descredibilização da imprensa (98,47% do total de registros desse tipo de violência) e 18 agressões verbais. O que é mais grave ainda é o fato de que é o terceiro ano seguido que Bolsonaro é o maior agressor em casos registrados pela Fenaj. O caso mais emblemático ocorreu em em 2020, durante uma coletiva de imprensa, quando o presidente se dirigiu a um repórter, com a seguinte frase: “Vontade de encher a tua boca com porrada”. VIOLÊNCIA FÍSICA

A violência física também faz parte do cotidiano dos profissionais de imprensa. Recentemente, dois repórteres foram agredidos por um homem com uma corrente de metal e um cachorro, durante a gravação de uma reportagem em São Paulo. Em janeiro, também em São Paulo, uma repórter foi agredida por um homem, que arrancou o microfone das mãos da profissional e pisoteou o equipamento. Outro caso emblemático ocorreu no final de 2021, na Bahia, na ocasião equipes de reportagem foram agredidas por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Um dos profissionais levou um tapa no rosto e Bolsonaro chegou a pedir desculpas após o caso.

VIOLÊNCIA DE GÊNERO

No mês passado, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou estudo sobre violência de gênero contra jornalistas. De acordo com o levantamento, que foi realizado em 2021 com apoio do Global Media Defence Fund, da Unesco, 127 mulheres jornalistas (cis e trans) e meios de comunicação foram alvos de 119 casos de violência de gênero. O relatório da Abraji monitorou redes sociais como propagadoras de agressões a profissionais de imprensa. Quase 60% dos casos de discursos estigmatizantes foram iniciados por publicações de autoridades de Estado e outras figuras proeminentes no campo político brasileiro. A maioria das vítimas eram jornalistas que cobriam política.


Em 2020, Bolsonaro foi criticado por entidades e chegou a ser processado após preferir um comentário de cunho sexual a respeito da jornalista da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello. Na ocasião, ele usou a palavra “furo” de forma pejorativa. "Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim", disse aos risos. No jargão jornalístico, "furo" é a informação publicada em primeira mão por um veículo ou profissional de imprensa.

Em outro episódio, o presidente disse a um jornalista que ele tem “uma cara de homossexual terrível”. A declaração foi dada depois que Bolsonaro foi questionado sobre o que faria se o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho mais velho, estivesse envolvido em algum esquema de corrupção.


HISTÓRIA

O jornalismo surgiu no mundo por volta do século XVII, como uma consequência da invenção de Gutenberg, a prensa de tipos móveis, que foi usada para iniciar a impressão em massa. A técnica inovadora, juntamente com a formação de estados nação (países), deu início a publicações periódicas conhecidas como jornais.


O Dia do Jornalista é lembrado devido ao assassinato de Giovanni Battista Líbero Badaró, médico e jornalista. Um dos principais críticos do autoritarismo da monarquia, ele foi morto por inimigos políticos em São Paulo, em 7 de abril de 1830. Desde que a data foi estabelecida em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa, os jornalistas lutam para legitimar a atuação profissional e assegurar os seus direitos.


Ano passado, a jornalista filipina Maria Ressa, que ganhou o Nobel da Paz, em 2021, qualificou o jornalismo como “ativismo”, fazendo tremer os barões do monopólio das comunicações. Maria Ressa, no entanto, descartou a morte da profissão e citou uma frase direcionada aos produtores e multiplicadores de fake news. “Jornalismo é a coragem de dizer a verdade ao poder”.

 
 
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O Esquina Democrática é um blog de notícias, ideologicamente de esquerda e sem fins lucrativos. Além de fazer parte de uma rede de mídia alternativa, comprometida com a credibilidade do JORNALISMO, não se submete às avaliações métricas, baseadas na quantificação de acessos e que prejudicam a produção de conteúdos e colaboram com a precarização profissional.

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