Já faz um tempo que passageiros que utilizam aplicativos, como a Uber e 99POP, vêm reclamando dos cancelamentos de corridas por parte dos motoristas, uma prática cada vez mais comum, segundo os usuários. Nesta quarta-feira (22/9), o Sindicato dos Motoristas em Transportes Privados por Aplicativos do Estado do Rio Grande do Sul (Simtrapli) divulgou uma nota em repúdio ao bloqueio massivo de dezenas de motoristas, praticado pela Uber em todo o Estado. Contrariados com a decisão da empresa, os motoristas realizaram um protesto em frente à sede da empresa. Uma nova manifestação está marcada para quinta-feira, a partir das 7 horas, com concentração no Largo Zumbi de Palmares (Epatur), seguido de carreata até a sede da Uber e do Ministério Público. A Uber alega que os cancelamentos atingem apenas aqueles que abusaram do recurso do cancelamento, o que segundo a empresa configurara mau uso da plataforma prejudicando o seu funcionamento e prejudicando intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas. A empresa informou que dispõe de equipes e tecnologias próprias que revisam constantemente as viagens e os cancelamentos e os cancelamentos representam violação ao Código da Comunidade.
O Simtrapli contesta a explicação e argumenta que a Uber não reajusta o valor que paga a seus motoristas desde 2016 e que com a gasolina a 7 reais a situação está se tornando insustentável. De acordo com o sindicato, cerca de 25% dos motoristas de São Paulo abandonaram o trabalho com aplicativos em 2021 e os que permanecem trabalhando são obrigados a se tornar mais seletivos na aceitação das viagens. “Com o preço dos combustíveis e com que a empresa paga, é muito comum a viagem se tornar deficitária e o motorista ter prejuízo para a que a Uber assegure seu lucro”, explica a nota do Simtrapli.“No lugar de reajustar o ganho dos motoristas (que no Rio Grande do Sul já estão defasados em mais de 50%), a Uber decidiu bloquear todos aqueles que considera que estejam cancelando demasiadas viagens. Os motoristas gaúchos que trabalham com a Uber esperam um reajuste dos ganhos, a exemplo do que a empresa fez em São Paulo, Florianópolis, Brasília e outras cidades.
O sindicato anunciou, por fim, que tomará as medidas jurídicas cabíveis para assegurar os direitos dos motoristas de aplicativos e buscará imediatamente uma mediação junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região para encontrar soluções para essa crise. Em nota, a Uber afirma que "o abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar. A conexão entre parceiro e usuário – quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho – só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc.) e decidido aceitar a realização da viagem.”