O The Intercept Brasil enviou uma mensagem por e-mail a seus leitores, explicando a importância do jornalismo que pratica e relembrando o dia que acabou mudando a história do Brasil, em função da ação de hackers que acabaram trazendo à tona o maior escândalo judiciário de todos os tempos. O papel da lava Jato nos rumos políticos do Brasil demonstram que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe contra a democracia e contra o próprio Brasil. Boa leitura!!! Era um Dia das Mães exatamente como no último domingo: 12 de maio de 2019. Há exatos dois anos, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila arrumava a mesa para o almoço em sua casa, em Porto Alegre, quando o aplicativo Telegram emitiu um alerta no seu telefone. Foi ali que tudo começou. Manuela preparava um domingo especial para sua mãe, Ana Lúcia, que havia tido alta hospitalar um dia antes. Em meio à batalha materna contra o câncer de mama, a filha queria que aquele dia fosse especial, dedicado exclusivamente à família. Mas uma segunda mensagem tirou a atenção da ex-deputada: "Era o senador Cid Gomes, dizendo que precisava falar com ela com urgência. Manuela estranhou. Imaginou que algo tivesse acontecido ao irmão dele, Ciro. Tentou ligar para ele, mas o número estava ocupado. Na mesma hora, outra mensagem chegou pelo aplicativo. 'Consegue confiar em mim?', Cid escreveu, às 12h14. 'Sim. 100%'. No mesmo minuto, veio a resposta que resolvia o primeiro mistério e inaugurava outro maior: 'Olha, eu não sou o Cid. Eu entrei no Telegram dele e no seu', começou. 'Mas eu tenho uma coisa que muda o Brasil hoje. E preciso contar com você. Eu entrei no Telegram de todos os membros da força-tarefa da Lava Jato. Peguei todos os arquivos'.” Esse trecho foi escrito pela jornalista Letícia Duarte e faz parte do livro que lançamos com os bastidores da Vaza Jato. Hoje completam-se 2 anos daquele domingo em que uma fonte anônima entrou em contato com Manuela D'Ávila dando início ao processo que culminaria em 9 de junho com a publicação das primeiras matérias da Vaza Jato — coincidentemente, também um domingo. O jornalismo investigativo às vezes tem histórias curiosas como essa por trás. Sempre que possível nós contamos aqui os bastidores das nossas reportagens para que você conheça o esforço empenhado nelas. Porque o jornalismo investigativo exige dedicação, paciência, cuidado e coragem. Nada disso nos faltou durante a Vaza Jato. Não nos faltaram também excelentes profissionais, recursos de segurança, apoio jurídico e toda a estrutura que uma série de reportagens desse porte requer. Há dois anos, quando iniciamos a Vaza Jato, sabíamos que estávamos fazendo algo grandioso e com a possibilidade de forte impacto. Por isso, há que se celebrar esse 12 de maio e também a coragem de Manuela D'Ávila para levar aquela conversa adiante. Hoje, no entanto, temos desafios muito, muito maiores do que tínhamos em 2019. Não havia pandemia, não tínhamos avançado tanto na investigação sobre o poder da milícia, ainda não éramos um país destroçado pela fome como somos hoje. O Intercept precisa atualmente de muito apoio para seguir fazendo o jornalismo de que este país necessita. Em 2019, uma enorme corrente se formou em torno do nosso trabalho e nos empurrou pra frente. Foram milhares de pessoas que se juntaram ao TIB, garantindo os recursos de que precisávamos para não parar.
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