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THE INTERCEPT BRASIL: FAVELA DO COMANDO VERMELHO, NO RJ, É CAMPEÃ DE OPERAÇÕES POLICIAIS NA PANDEMIA


O The Intercept Brasil revela o que há por trás da desconhecida favela do Comando Vermelho que se tornou a campeã de operações policiais na pandemia, em reportagem de Isabela Aleixo, publicada nesta segunda-feira (12/7). O local é apontado pelo Ministério Público do Rio de janeiro (MPRJ) e pela Polícia Civil como um dos batalhões em que milicianos influenciam diretamente nas operações contra o tráfico de drogas. Em um município da Baixada Fluminense em que o próprio secretário de Segurança Pública é suspeito de envolvimento com milícias, uma favela desconhecida bateu o recorde de operações policiais durante a pandemia. Detalhe: por ordem do Superior Tribunal Federal, o STF, operações como essas nem deveriam acontecer, apenas em casos excepcionais. Localizada na região central do município de Magé, a favela da Lagoa recebeu 42 operações entre junho de 2020 e abril de 2021, de acordo com o levantamento feito com base na planilha de operações notificadas ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.


Empatadas em segundo lugar estão as mais violentas e conhecidas comunidades do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, e Barão, na capital, que não tiveram nem metade disso – foram 18 ações da polícia informadas ao MPRJ em cada local. O período compreende a vigência da decisão aprovada pelo ministro do STF Edson Fachin, que suspende operações em favelas durante a pandemia de covid-19. De acordo com a decisão, as ações devem ser justificadas por escrito ao Ministério Público fluminense. No entanto, os detalhes de 524 de operações como essas são mantidos em segredo. No fim de junho, Fachin concedeu uma liminar retirando o sigilo sobre documentos de operações policiais no estado, mas as justificativas ainda não foram divulgadas. Isso torna ainda mais misterioso o interesse da polícia e do MPRJ pela desconhecida Lagoa, favela que não aparece no mapeamento de grupos armados do Rio de Janeiro, de 2019, e sequer está no radar do monitoramento da Rede de Observatórios da Segurança.

Chama a atenção o fato de se tratar de uma favela que, segundo informações dos próprios moradores, é dominada pelo Comando Vermelho, o CV, em uma cidade onde relações suspeitas entre políticos e milicianos são comuns – e em que áreas sob domínio dos paramilitares, como os bairros Suruí e Praia de Mauá, não receberam operações como essas durante o período. Quarenta das 42 operações realizadas pelo 34º Batalhão de Polícia Militar na pandemia, inclusive, foram na Lagoa.

Responsável por Magé e pela cidade vizinha de Guapimirim, o local é apontado pelo MPRJ e pela Polícia Civil como um dos batalhões em que milicianos influenciam diretamente nas operações contra o tráfico de drogas, como revelou o Jornal Extra em dezembro.


A manipulação da polícia militar pelos milicianos, segundo o MPRJ, ocorria com informantes, como André Cosme da Costa Franco, o André Careca. Preso em novembro, o chefe da milícia do Suruí era um dos principais informantes do 34º BPM e denunciava a ação de traficantes para que o batalhão enfraquecesse seus concorrentes. Áreas de tráfico em todo o estado receberam quatro vezes mais operações policiais durante a pandemia do que as de milícias – os locais dominados pelo Comando Vermelho, em especial, lideram o ranking e representam 44% dessas operações na região metropolitana do Rio, segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, o GENI, da Universidade Federal Fluminense, a UFF, para a Folha de S.Paulo.

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a UFRRJ, José Cláudio Souza Alves, essas operações na Lagoa refletem a resistência do CV aos desmandos e pedidos desproporcionais de “arrego” — propina — da PM. “Tem que analisar como eles conseguem, apesar de tantas operações, sobreviver”, diz. “Essa estratégia [de embate] do Comando Vermelho está muito associada a esses grupos mais pobres que vivem do tráfico. Então, eles vão lutar com unhas e dentes até o fim para não se entregar, para manter essa fonte importante para sobrevivência deles ali”, completa Alves, que há décadas estuda as milícias da cidade do Rio e da Baixada Fluminense.


 
 
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