A Operação Formosa deste ano, exercício militar tradicionalmente realizado pela Marinha, recebeu um reforço do Exército e da Força Aérea, para a simulação de uma operação de combate com a utilização de aeronaves, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. A exibição do aparato militar na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, está marcada para ocorrer na terça-feira (10/8). O anúncio do desfile bélico recebeu críticas da oposição ao governo de Jair Bolsonaro, que interpretou a iniciativa como uma evidente tentativa de ameaçar e coagir o parlamento, pois a mesma deve ocorrer pouco antes da votação da PEC do Voto Impresso, no plenário da Câmara dos Deputados. Ao todo, 2,5 mil soldados devem participar desta operação, que é considera o maior exercício militar das Forças Armadas em 2021.
Para impedir "qualquer presença de veículos ou tropas militares" nas ruas durante votações no Congresso Nacional, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, anunciou nesta segunda-feira (9) que o partido vai ingressar com um mandado de segurança na Justiça do Distrito Federal, com objetivo de impedir a realização da Operação Formosa. "A informação de que haverá uma manobra militar amanhã na Esplanada dos Ministérios é grave. O PSOL decidiu entrar com um Mandado de Segurança na Justiça do DF para proibir qualquer presença de veículos ou tropas militares durante as votações no Congresso Nacional', escreveu Medeiros no Twitter.
AMEAÇAS À DEMOCRACIA As crescentes ameaças do presidente Jair Bolsonaro à realização de eleições no Brasil em 2022, caso o voto impresso não seja aprovado, vem provocando fortes reações no Congresso e no Judiciário. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, tem sido o principal alvo dos xingamentos de Bolsonaro, após ter divulgado uma nota na qual destaca que a tentativa de impedir as eleições configura "crime de responsabilidade", primeiro passo para a abertura de um processo de impeachment contra o chefe do Executivo. "A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade", dizia o comunicado.
A escalada de críticas e acusações de Bolsonaro ao sistema de urna eletrônica ocorre no pior momento do governo, que enfrenta queda de popularidade e desgaste diante das denúncias de corrupção na CPI da Covid e do descaso na condução da pandemia. O presidente Bolsonaro também sente a pressão das ruas, com as recentes manifestações pelo impeachment, em todo Brasil e também no exterior. Os ataques de Bolsonaro à democracia isolam cada vez mais o governo, que tem perdido apoio até mesmo de aliados no Congresso.
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