A Europa já começa a sentir os efeitos da segunda onda da pandemia de coronavírus. O crescimento do número de pessoas contaminadas fez com que o Reino Unido, França, Espanha e Portugal anunciassem a retomada das medidas de proteção e de isolamento social. A Organização Mundial de Saúde vem alertando o mundo sobre o aumento de casos de covid-19 e as “taxas alarmantes” registradas em países da Europa. Na semana passada, a Europa foi sacudida por uma onda de infecções que atingiu mais de 300 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número supera os casos registrados durante o primeiro pico da pandemia. A Europa concentra mais de cinco milhões de casos e 228 mil mortes por Covid-19, desde o início da pandemia.

Todos os países que optaram pelo relaxamento em relação às medidas de isolamento social estão observando a evolução da doença, que começa a se propagar com a mesma intensidade dos meses meses de março e abril, considerado os piores momentos da pandemia.
REINO UNIDO
Nesta terça-feira (22/9), o Reino Unido informou que o número diário de novos casos de covid-19 dobrou e está em quase quatro mil. O nível de alerta passou de 3 para 4, o que significa risco de crescimento exponencial. Cidades como Glasgow, Newcastle e Birmingham adotaram parcialmente o lockdown, com o retorno do trabalho em casa, para quem pode. Também foi adotado o toque de recolher, com fechamento dos restaurantes e bares às 22h. Está proibido o consumo interno nos estabelecimentos, sendo liberado apenas o consume em mesas externas ou para entregas. Quem não cumprir as determinações podem ser multados ou fechados. As multas estão mais elevadas: 10 mil libras para quem não respeitar o isolamento, que é obrigatório para quem chega de viagem ou testa positivo; e 200 libras para quem não usar máscara em locais fechados ou nos transportes.
INGLATERRA E ITÁLIA A Itália está em uma situação melhor que diversos de seus vizinhos. Mas no início do ano, o país, em especial a Lombardia e a Emília-Romanha, foi epicentro global da pandemia. Já em território britânico, onde o número de internações dobra a cada oito dias, o governo admite que a segunda onda é inevitável e por isso pretende testar 10 milhões de pessoas por dia até o início de 2021. No entanto, a demanda é tanta que muitos testes têm sido enviados para laboratórios no exterior.

FRANÇA E DINAMARCA
Na última sexta-feira (18/9), 13.200 novos casos foram anunciados pelas autoridades francesas. Cidades como Marselha, Nice e Bordeaux impuseram novas restrições à população. Na França, o alerta vermelho atingiu 13 das 18 regiões do país, que fechou 80 escolas, desde a retomada das aulas, em 1º de setembro. Na Dinamarca, os casos registrados chegaram perto dos divulgados em abril, quando o país teve 473 doentes.
ALEMANHA E PORTUGAL
Em Portugal, o governo deve determinar nos próximos dias o uso de máscara em vias públicas, atualmente exigida apenas em locais fechados e nos transportes. Lisboa já estava em estado de contingência. Ou seja, restrições que limitam a dez o número máximo de pessoas que podem se reunir, além de maior controle em relação ao ingresso nos estabelecimentos comerciais. Já a Alemanha, que apesar de ter registrada uma alta menor de novos casos de coronavírus, determinou testagem obrigatória para quem desembarca de locais com taxa mais alta de contaminação.

ESPANHA E HOLANDA Na quarta-feira (18/9), a Holanda bateu um recorde no número de contágios, chegando a 1.972 casos. A Espanha também tem registrado aumento de novos casos da Covid-19. Na sexta-feira (18/9), autoridades anunciaram medidas de restrição de circulação de 858 mil pessoas, em Madrid. A capital do país adotou um semi-lockdown, com restrições de entrada e saída. O sistema de saúde da cidade está novamente à beira do colapso, com o súbito aumento de novos casos de Covid-19 desde julho. Na quarta-feira (16/9), Madrid registrou 239 novas mortes, o maior número desde junho. A Espanha acumula quase 660 mil casos e mais de 30 mil mortos.
O Ministério da Saúde informou que 21% da capacidade hospitalar de Madri está comprometida por causa da Covid-19. Os hospitais nas áreas mais afetadas da capital estão sob pressão maior. Segundo o Hospital Infanta Leonor, ao sul da capital espanhola, mais da metade do total de leitos é dedicado a pacientes infectados e 100% dos leitos dos leitos de UTI estão ocupados. A região possui 6,6 milhões de habitantes. Quem estiver nas áreas confinadas só terá permissão para entrar e sair das zonas por motivos de trabalho, educação, legais ou médicos. Enquanto o país segue dividido sobre a velha falsa dicotomia entre evitar o desastre econômico e proteger a população, o vírus avança.