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Rio Grande do Sul foi o estado com maior número de locais de violações de direitos humanos durante a ditadura militar

por Alexandre Costa

Os primeiros dias de novembro reservam ao menos três atividades em Porto Alegre relacionadas ao golpe civil-militar de 1964 que completou 60 anos no dia 31 de março e resultou em longos 21 anos de ditadura (1964 a 1985).


Na próxima terça-feira (5/11), está programado o 9º Café Temático | “DEScomemoração do Golpe de 1964: a violência de Estado e o serviço público”. A atividade é promovida pela Associação dos Técnicos de Nível Superior do Município de Porto Alegre (Astec ) e pelo Instituto SIG de Psicanálise e Política, através do Coletivo Testemunho e Ação. No segundo domingo de novembro (10/11) será realizado mais uma edição do projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre, que vai percorrer locais utilizados pelos órgãos de repressão, como prisão e prática de tortura a quem fazia oposição à ditadura. Já no sábado (16/11), acontece o pré-lançamento do documentário “Doutor Araguaia, uma história para ser conhecida”, na Casa Diógenes de Oliveira, na Cidade Baixa. As atividades relacionadas ao golpe de 1964 e à luta pelo restabelecimento da democracia no Brasil, que deveriam ter maior visibilidade em março, acabaram sendo abafadas em função da postura do presidente Lula que preferiu evitar polêmicas para não bater de frente com os militares, o que lamentável. No final de fevereiro, Lula afirmou que "o golpe militar de 1964 é história e que ele não quer ficar remoendo o passado". A declaração de Lula não teve boa repercussão entre os chamados "históricos" da esquerda, que consideraram uma traição do presidente e um desrespeito, não apenas aos que perderam a vida durante a resistência ao regime militar e à luta para restabelecer a democracia no Brasil, mas também a familiares, ex-presos políticos e aqueles que sobreviveram às bárbaras torturas executadas por agentes dos órgãos de repressão no país.


CAFÉ E RODA DE CONVERSA - DIA 5/11 - TERÇA-FEIRA - ÀS 18 HORAS O 9º Café Temático terá uma Roda de Conversa com a participação de Heliete Karam, Clínica do Trabalho, Dra. em Psicologia Clínica, integrante do Coletivo Testemunho e Ação; Paulo de Tarso Carneiro, advogado, aposentado do Banco do Brasil e preso político; Maria Luiza Castilhos F. Cruz, psicóloga, servidora aposentada, filha de preso político, integrante do Coletivo Testemunho e Ação; Ricardo Pacheco, músico, compositor de abrangência Latino Americana, com diversas atuações no campo cultural desde 1980. A Mediação será da Psic. Elaine Rosner Silveira, Diretora Administrativa da Astec. O evento, que é gratuito, será realizado na sede do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), que fica na Rua João Alfredo, 61 – Bairro Cidade Baixa.

CAMINHOS DA DITADURA EM PORTO ALEGRE

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade havia identificado 39 locais ligados à violação de direitos humanos. Ao longo dos anos, o número de locais foi crescendo e hoje são 200 pontos mapeados, a partir de depoimentos, de denúncias e evidencias. O RS é o estado com maior número de locais identificados em função de fazer fronteira com o Uruguai e a Argentina. O território gaúcho era estratégico para fuga dos militantes que lutavam contra a ditadura e também pela repressão no Cone Sul, articulada pelos EUA e chamada de Operação Condor.

A iniciativa começou a se desenhar em 2016 por estudantes de graduação de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e, desde então, se tornou referência para a construção da memória do período. Os estudantes e professores formaram o mapa virtual que aponta espaços de tortura e articulação da repressão – oficial e clandestina. Pouco a pouco, o mapa ganhou novos locais com o incremento e com apontamentos sobre lugares ligados à resistência, além daqueles que contêm referências elaboradas após o fim da ditadura.


DOUTOR ARAGUAIA Após trinta e seis meses de trabalho, o Documentário DOUTOR ARAGUAIA – A história do médico João Carlos Haas Sobrinho, encontra-se na fase de pós-edição e chegará às telas em pré-lançamentos no Rio Grande do Sul, nas cidades de São Leopoldo, no Cinesystem, e Porto Alegre, na Casa Diógenes de Oliveira. O filme tem duração de noventa minutos, cinco músicas inéditas, cerca de cinquenta entrevistas e, aproximadamente, 2 TB de arquivo bruto.


A produção independente da TG Economia Criativa é dirigida pelo Documentarista Edson Cabral, com roteiro, pesquisas e argumento realizados em parceria com Sônia Haas, irmã do protagonista. Durante as gravações a equipe esteve nos Estados de São Paulo, Maranhão, Pará, Tocantins, (local onde foi planejada pelo PCdoB, a guerrilha , com base na teotia da guerra popular), Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.


Contemplado pelo Edital 001/2023 da Lei Paulo Gustavo - Tocantins, o Documentário coloca em destaque a vida do brilhante estudante de medicina, natural de São Leopoldo/RS (1941), com sólida educação jesuíta, e que foi preso em 1964, só porque era presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite, da Faculdade de Medicina da UFRGS. Consegue concluir seu curso, alinha-se à filosofia do PCdoB da época, com forte liderança, torna-se médico pioneiro nas regiões de Porto Franco/MA e Xambioá/TO.


Entre 1967 e 1972, salva centenas de vidas, sendo amado pelos camponeses que sofrem com o regime de exceção e por todos que com ele conviveram. Foi morto na região do Bico do Papagaio, na Guerrilha do Araguaia. Sônia continua na busca dos restos mortais – que nunca foram entregues à família, procurando sempre compreender a opção do seu irmão.


A pré-estreia de Doutor Araguai será em Porto Alegre, na Casa Diógenes de Oliveira, Rua Lopo Gonçalves – 495 – Cidade Baixa, às 18h30.

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