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Ressurreição, por Nora Prado (*)

Foto do escritor: Alexandre CostaAlexandre Costa


Tempos escuros pedem mais luz

transpiração de afetos sadios

empatia, sensibilidade e calor

Um pouco mais de bondade

e gentilezas sem explicação.


Tempos de ódio requerem

disposição para amar

perseverança para plantar

sementes de concórdia

e paz, pintar o mundo de azul.


Em tempos sombrios como estes

nunca é demais levar água benta

e girassóis na mochila, uma borboleta

no ombro e um pouco de perfume

pequenos presentes à tiracolo.


Há tanto rancor e desatino

que convém mergulhar o coração

no mar, deixar secar ao vento, tomar sol

para renovar a elasticidade e o bem querer.


Em dias nublados onde a tristeza impera

é fundamental soprar bolhas de sabão

produzir pétalas através dos dedos

e assoviar melodias inspiradoras.


Quando o cinismo prevalece

nada como o riso sincero para dissipá-lo

e porções de poesia para desnorteá-lo

como cirandas coloridas pelos campos.


Em tempos de crueldade e guerra

tenha sempre um escudo de abraços

palavras doces para dissolver estragos

rosas e girassóis para cicatrizar feridas.

Vivemos dias de intolerância e aniquilação

onde mais que nunca ser humano requer

coragem e boas doses de delicadeza

firmeza de águia e prontidão de cão.


Pois de vitalidade e esperança precisamos

cultivar a luz no fim do túnel e acender

o espírito da compaixão adormecido.


Não haverá amanhã se não florirmos

a rosa da bondade nem trouxermos

ao chão a brilhante estrela da manhã.


Sensibilidade e fraternidade para restaurar

sentidos, gerar comunhão, reparar

abraços, produzir bom humor

construir pontes e novas paisagens

para viver novos tempos de ressurreição.


Porto Alegre, 20 de dezembro de 2023.



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