Tempos escuros pedem mais luz
transpiração de afetos sadios
empatia, sensibilidade e calor
Um pouco mais de bondade
e gentilezas sem explicação.
Tempos de ódio requerem
disposição para amar
perseverança para plantar
sementes de concórdia
e paz, pintar o mundo de azul.
Em tempos sombrios como estes
nunca é demais levar água benta
e girassóis na mochila, uma borboleta
no ombro e um pouco de perfume
pequenos presentes à tiracolo.
Há tanto rancor e desatino
que convém mergulhar o coração
no mar, deixar secar ao vento, tomar sol
para renovar a elasticidade e o bem querer.
Em dias nublados onde a tristeza impera
é fundamental soprar bolhas de sabão
produzir pétalas através dos dedos
e assoviar melodias inspiradoras.
Quando o cinismo prevalece
nada como o riso sincero para dissipá-lo
e porções de poesia para desnorteá-lo
como cirandas coloridas pelos campos.
Em tempos de crueldade e guerra
tenha sempre um escudo de abraços
palavras doces para dissolver estragos
rosas e girassóis para cicatrizar feridas.
Vivemos dias de intolerância e aniquilação
onde mais que nunca ser humano requer
coragem e boas doses de delicadeza
firmeza de águia e prontidão de cão.
Pois de vitalidade e esperança precisamos
cultivar a luz no fim do túnel e acender
o espírito da compaixão adormecido.
Não haverá amanhã se não florirmos
a rosa da bondade nem trouxermos
ao chão a brilhante estrela da manhã.
Sensibilidade e fraternidade para restaurar
sentidos, gerar comunhão, reparar
abraços, produzir bom humor
construir pontes e novas paisagens
para viver novos tempos de ressurreição.
Porto Alegre, 20 de dezembro de 2023.