REPORTAGEM DO EL PAÍS REMONTA A PRISÃO DE CAETANO VELOSO EM 68 E APRESENTA ARQUIVOS DA DITADURA
- Alexandre Costa
- 15 de set. de 2020
- 2 min de leitura

O El País publicou matéria no domingo (13/9), assinada pelo jornalista LEONARDO LICHOTE, sobre "A ditadura brasileira contra Caetano Veloso: os arquivos completos da repressão", em que analisa o processo contra o cantor preso em 1968, com comentários inéditos do artista, que não foram utilizados no documentário ‘Narciso em férias’. O dossiê cita disco que baiano nunca fez e desconfiança até de canções como a romântica ‘De manhã’. No Dia Internacional da Democracia, 15 de setembro, sugerimos a leitura da reportagem e buscamos no youtube a música Alegria, Alegria, que ilustra bem o clima do Brasil durante os anos de chumbo.

Em 1968, o disco com a canção Che, de Caetano Veloso, foi apreendido pela Polícia Federal por fazer propaganda subversiva socialista, homenageando o guerrilheiro da Revolução Cubana. Na época, Caetano era integrante do “Grupo Baiano” e de outras organizações constituídas “de cantores e compositores de orientação filocomunista”. Em show na boate Sucata, Caetano e Gilberto Gil cantaram uma paródia do Hino Nacional em “ritmo de Tropicália”.
Nada disso é verdade.
Não houve disco ou canção Che. Não houve um “Grupo Baiano” —essa era tão-somente a forma como a imprensa se referia ao grupo de cantores e compositores recém-chegados da Bahia. Não houve paródia do hino nacional (nunca existiu, tampouco, um “ritmo de Tropicália”).
Essas alegações, no entanto, estão presentes num documento oficial de 330 páginas, referentes ao processo que o Estado brasileiro abriu contra Caetano, preso no dia 27 de dezembro de 1968, 14 dias depois da promulgação do AI-5, que marcou o endurecimento da ditadura civil-militar instaurada em 1964. Os papéis serviram de ponto de partida para o documentário Narciso em férias, de Renato Terra e Ricardo Calil, que teve sua estreia mundial no dia 7 de setembro no Festival de Veneza.
O filme, porém, não revela todo o conteúdo da documentação —aos quais o EL PAÍS teve acesso e apresenta nesta reportagem.
MÚSICA ALEGRIA, ALEGRIA
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES GERALDO VANDRÉ