A Revista Fórum publicou uma matéria no seu site, nesta quarta-feira (9/12), assinada por Victor Farinelli, em que apresenta uma nova teoria que coloca o Brasil como possível suspeito de ter introduzido o novo coronavírus em Wuhan, de forma inconsciente. O jornalista que atua há mais de 15 anos como correspondente da Fórum e vive no Chile, cita a reportagem do diário chinês Global Times publicada no último domingo (6/12). A matéria, que é assinada por três jornalistas chineses, revela a suspeita de que o coronavírus SARS-CoV-2 teria chegado ao país por meio de produtos importados de países da Oceania ou da América do Sul. Porém, o Brasil é apontado como um dos principais suspeitos.
A teoria apresentada na reportagem do Global Times se baseia no fato de que, desde que o surto em Wuhan foi erradicado, a China teve outros quatro surtos oficialmente registrados em outras regiões do país, e em todas elas as investigações apontaram que a origem mais provável é a presença do vírus em embalagens de carne importada. Além disso, em três desses quatro casos o Brasil aparece como responsável por essas embalagens infectadas.
“O mercado de Wuhan trabalhava com produtos de origem animal importados de diferentes países da América do Sul, e alguns da Oceania. Também com produtos do interior da China e de outros países asiáticos, mas chama a atenção o fato de que nos surtos posteriores a origem sempre foi de outros continentes”, explicou Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, entrevistado pela matéria.
O especialista também afirma que “a teoria de que o coronavírus SARS-CoV-2 ter sido transmitido de produtos da cadeia de frio para Wuhan não é conclusiva, mas não pode ser descartada”.
GLOBAL TIMES
Repórteres do Global Times descobriram, por meio de reportagens da mídia, que as lojas do Huanan Seafood Market costumavam vender frutos do mar importados da cadeia de frio, como caranguejo-real e marisco ártico, bem como produtos de carne do Brasil e da Alemanha. A cidade também importou bife australiano, cerejas chilenas e frutos do mar equatorianos antes de 2019, segundo informações do site do bureau de comércio da cidade. Declarações publicadas pelo Departamento Provincial de Comércio de Hubei mostram que, em 2018 e 2019, empresas de comércio exterior importaram carne do Canadá, Brasil e Espanha. A alfândega de Wuhan disse que de janeiro a novembro de 2019, a província de Hubei, que governa Wuhan, importou 470 milhões de yuans de “produtos congelados”, um aumento de 174,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior, que marcou o aumento mais rápido de todos os produtos importados.
No caso mais recente, a embalagem externa de carne congelada importada do Brasil e do Uruguai para Wuhan testou positivo para coronavírus, disse Wuhan CDC no domingo. Segundo relatos, Wuhan impôs medidas de gestão rígidas para produtos importados da cadeia de frio. As autoridades de Wuhan são obrigadas a verificar vários documentos, incluindo os resultados dos testes de ácido nucleico antes da chegada dos produtos. Eles também precisam realizar mais testes de ácido nucléico nesses produtos e desinfetá-los adequadamente, de acordo com as novas regras.