Trabalhei mais de 35 anos como professora da Rede Municipal de Ensino e conheço a realidade das periferias da nossa cidade.
Porto Alegre nos últimos 20 anos, com o agravamento no governo Marchezan até os dias de hoje, vive o declínio da democracia e projetos antipovo, desta forma tornando a vida muito mais difícil para quem mora nas periferias, e muito mais difícil ainda para as (os) desempregados (as), sendo uma grande maioria homens e mulheres negros (as) e mães solo negras.
Para alguns deve parecer que não temos nenhuma novidade até aí, a questão não é essa, esta realidade existe concretamente na vida de milhares de pessoas porto-alegrenses.
Vivemos em Porto Alegre uma agudização da pobreza, com pessoas que não têm comida na mesa, que estão vivendo em situação de rua, com falta de acesso a políticas públicas de qualidade, crianças pedindo nas sinaleiras, sem trabalho, sem acesso à creche, educação, saúde, moradia, não tendo para onde correr.
Isto acontece todos os dias e também na noite de 24 de dezembro, está dura realidade não pode ser considerada normal, é muito grave!
Não ter água nas comunidades, centenas de árvores que foram arrancadas para que estacionamentos e espigões ocupem o centro, venda da Carris, ataques aos servidores(as) públicos, privatizações, e tantas outras ações que demonstram que a escolha da administração pública municipal de Porto Alegre tem lado.
O prefeito fortalece os empresários, a especulação imobiliária e faz suas escolhas de olhar e cuidar apenas do centro e vira de costas para quem mais precisa de cuidados, de políticas públicas de qualidade, de direito de ter direitos e oportunidades para viver com dignidade.
E o Natal?
Momento de confraternizar, reunir as famílias, sonhar coletivamente, fazer projetos de vida, fazer troca de presentes, sentar à mesa e compartilhar comida boa.
Ai que está o grande problema!
No Natal em Porto Alegre, muitas famílias terão o kit completo, mas infelizmente uma grande maioria terá uma noite como todas as outras.
Com falta de tudo!
E as crianças? e as mães? e os pais? e as famílias?
Como sempre estarão fazendo o impossível para SOBREVIVER.
As ações de solidariedade são muito importantes, e muitas pessoas tem o espírito da fraternidade, do amor, do cuidado que fazem toda a diferença na vida de quem mais precisa.
Mais estou falando da responsabilidade da prefeitura em garantir as políticas públicas para toda a população da cidade.
Desejo que no próximo natal todas, todos e todes tenham a possibilidade de ter uma ceia de natal sem fome com boa comida à mesa.
Desejo que em 2024 o campo democrático construa a Frente Ampla necessária, com partidos, movimentos sociais, amplos setores da sociedade para derrotarmos o prefeito que implementa a política ultraliberal que privilegia alguns e massacra a maioria.
Já me aposentei há 10 anos, sigo sempre com o compromisso de uma professora que luta por uma sociedade mais justa e com igualdade de direitos e oportunidades para todes, foi a profissão que escolhi e continuo tendo muito carinho por todas as crianças e famílias que tive o privilégio de conviver e aprender muito.
Desejo que todas e todos estejam bem e que estejamos sempre unidas por um mundo mais solidário, fraterno, justo, que não tenha nenhum tipo de violência e opressão.
E que o respeito, a felicidade e a alegria voltem para nossa cidade.
Convido a todas, todos e todes a se somar para que em 2024 tenhamos nossa Porto Alegre - ALEGRE DE NOVO, uma cidade viva, participativa, democrática, que seja referência de políticas públicas de qualidade para todas, todos e todes.
“Sonho que sonha só, e só um sonho que se sonha só, sonho que se sonha juntes, se torna realidade.”
(*) Silvana Conti é professora aposentada da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, Mestra em Políticas Sociais, lésbica feminista, militante da luta antirracista e Presidenta do PCdoB/Porto Alegre.