
Não precisa ter bola de cristal tampouco ser analista econômico para perceber que o Brasil está à beira do caos. A previsão é de que o mês de novembro seja ainda pior para os brasileiros, com a falta de combustíveis e com a greve dos caminhoneiros, marcada para o dia 1º de novembro. Com o novo reajuste que entra em vigor nesta terça-feira (26/10), a alta da gasolina nas refinarias, somente em 2021, está em 73,4%, enquanto o diesel acumula aumento, no mesmo período, que chega a 65,3%.
Apesar dos reajustes dos combustíveis, os preços praticados pela Petrobras ainda estão defasados em relação ao mercado externo. A diferença chega a 20% na gasolina. Como o transporte influencia os custos de praticamente todos os setores da economia, a difusão do efeito da alta dos combustíveis nos outros preços é rápida. A escalada sem trégua do preço dos combustíveis pode levar a taxa de inflação a fechar o ano em dois dígitos.
Desde o início do ano, a estatal já promoveu pelo menos 13 reajustes no preço do diesel (com 10 altas e três reduções) e 15 no valor da gasolina (com 11 altas e quatro reduções). A partir desta terça-feira, o preço médio de venda da gasolina A para as distribuidoras passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,21 por litro, ou alta de 7,05%. O último reajuste havia sido no dia 9 deste mês, com alta de 7,2%. Já para o diesel, o preço médio de venda para as distribuidoras passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, com reajuste médio de R$ 0,28 por litro, ou seja, 9,15%. O último reajuste no diesel havia sido em 28 de setembro, com alta de 8,89% e após 85 dias de preços estáveis.
DESEMPREGO
Para completar o cenário caótico da crise econômica e social no país, em novembro do ano passado o Brasil registrou 14,6% (o maior índice de desemprego da sua história), o que corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ao analisar a evolução da taxa de desemprego, tanto em relação ao mesmo período em 2020 quanto ao trimestre anterior, é possível observar a continuidade da retomada lenta e gradual na geração de emprego, que em parte, é explicada pelo retorno ao trabalho presencial em diversas atividades econômicas, principalmente de serviços, após o início do processo de imunização da população contra o COVID-19.
FOME E MISÉRIA Basta caminhar pelas avenidas das capitais e das grandes cidades do país para constatar que a fome e a miséria crescem de forma absurda. Apesar das inúmeras iniciativas, ações e campanhas de solidariedade, a situação se agrava a cada dia. A pandemia de coronavírus, que causou a morte de mais de 600 mil pessoas apenas no Brasil, acabou mobilizando um verdadeiro exército humanitário. O trabalho voluntário realizado por associações comunitárias, ONGs, igrejas de diferentes matizes religiosas, grupos com distintas formações ideológicas e inúmeros coletivos que atuam em rede junto aos movimentos sociais têm sido imprescindível para garantir refeições a centenas de milhares de pessoas que passam por dificuldades. A arrecadação, o preparo e a distribuição de alimentos direcionadas à população de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social pode não resolver o problema, mas ameniza a fome e alivia os impactos causados pela crise econômica a pela miséria que se espalha pelo país.
CAMINHONEIROS
Descontentes com os aumentos dos combustíveis e com as propostas do governo para a categoria, caminhoneiros decidiram manter a greve marcada para o próximo dia 1º de novembro. Contudo, não há nenhuma orientação para que haja bloqueio de rodovias pelo país. O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirmou que a orientação da categoria é não fechar rodovias para não prejudicar o direito de ir e vir de ninguém. Já o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que o movimento vai parar o país de norte a sul e de leste a oeste. A CNTTL representa cerca de 800 mil caminhoneiros, entre autônomos e celetistas.