PORTO ALEGRE COMEMORA 24 ANOS DO TOMBAMENTO DA ESQUINA DEMOCRÁTICA, UM LOCAL DE LUTA E RESISTÊNCIA
- Alexandre Costa
- 17 de set. de 2021
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Durante a ditadura militar, no final dos anos 70, Jussara Cony, uma jovem feminista ligada ao movimento estudantil subiu em um palanque improvisado no cruzamento da Avenida Borges de Medeiros com a Rua dos Andradas para denunciar o autoritarismo, a censura, as prisões, as torturas e as mortes daqueles que se opunham ao regime que amordaçava o Brasil. Aquele era apenas mais um entre os muitos protestos relâmpagos realizados em Porto Alegre, naquele período que ficou conhecido como os anos de chumbo. No entanto, a militante de esquerda que já estava habituada a subir nas caixas de madeira usadas nas bancas de frutas e verduras, nas imediações da Rua da Praia, resolveu convocar a população para uma manifestação que seria realizada naquela mesma “esquina democrática”.
Desde então, o termo usado por Jussara Cony se popularizou e acabou dando nome à congruência de duas importantes vias localizada no coração da capital gaúcha. Ao longo do tempo, o cruzamento passou a ser reconhecido como um dos principais e mais tradicionais pontos de manifestações políticas, artísticas e culturais da cidade. Há 24 anos, no dia 17 de setembro de 1997, a Esquina Democrática foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Município. A iniciativa é uma referência à vida e à memória desta metrópole, construída a ferro e fogo.
Desde a sua fundação, em 26 de março de 1772, quando era chamada de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, até os dias de hoje, a capital gaúcha sempre esteve presente na vida política e social do estado e do país. Ao longo dos anos, o povo gaúcho construiu a sua identidade em meio à luta pela sobrevivência, diante de guerras, conflitos e disputas. Estas características fazem de Porto Alegre uma cidade intensa, forjada nas lutas por direitos e liberdades.
A efervescência política, social e econômica que é tão presente no dia a dia do seu povo se funde à própria história do Brasil e do Rio Grande do Sul. Foi assim na Revolução Farroupilha, na luta pela abolição da escravatura, no suicídio de Getúlio Vargas, no movimento pela Legalidade, durante o golpe militar, na luta pela democratização do país, nas manifestações pelas Diretas Já, no fora Collor e em outros tantos episódios da história do Brasil.
A Esquina Democrática não é apenas um local na geografia urbana da cidade e tampouco é um ponto fixo restrito ao cruzamento de duas importantes vias da capital gaúcha. Mais que um patrimônio histórico e cultural, a Esquina Democrática é sinônimo de resistência e luta, ontem, hoje e sempre.