As (más) notícias dos últimos dias dão conta de que a educação, sob o desgoverno de Voldermort, segue seu destino surreal de contingenciamento e cortes. As universidades e Institutos federais não têm mais como se adequar a essa brutal política de destruição do ensino público no país. O fato é que, nominalmente, os recursos orçamentários caíram drasticamente desde 2012 e esse desgoverno propõe mais 12% de arrocho para o orçamento de 2023. Muitas instituições não devem conseguir pagar suas contas em 2022 e já anunciam isso publicamente. Não há dinheiro para arcar com despesas como água, luz, bolsas, auxílios e insumos. O sucateamento da educação, quer através da supressão do financiamento público, quer através da alteração do ICMS nos estados, apesar de parecer algo ilógico, possui um bem estruturado projeto de privatização, onde as escolas públicas poderão ser geridas por fundações para poderem “prestar contas à sociedade” (modelo gerencialista) ou quando será oferecido “vouchers” para que os pais “tenham liberdade” de escolher a escola (modelo chileno). Ou então, tão ao gosto americano do inominável, os pais e alunos serão encaminhados a um banco para financiar uma educação de “melhor qualidade”, ficando assim reféns de uma dívida impagável para o resto da vida.Por isso, o movimento que foi lançado semana passada durante a 74a Reunião da SBPC é tão importante. O Manifesto de Pré-Candidatos ao Congresso Nacional e Assembleias Legislativas, denominado Educação e Ciência para Reconstruir o País, assinado por mais de cem pré-candidatos, traz entre suas propostas a defesa da autonomia universitária, a revogação da EC 95 (a PEC da morte), a valorização dos profissionais da educação, garantindo planos de carreira atrativos para os profissionais da Educação Básica, bem como a valorização e articulação das instituições de ensino e pesquisa brasileiras para que possam pensar o desenvolvimento do país. Esse documento é um sopro de esperança num país que se acostumou a ter, nos últimos tempos, a bancada da bala, do boi e da bíblia como suas maiores expressões. O Brasil precisa, nas eleições de outubro, eleger uma bancada da educação forte, pactuada com o direito de nossas crianças, jovens e adultos a uma formação educacional de qualidade. É fundamental que nos organizemos, como trabalhadores da educação, em um ente único na defesa de um projeto que garanta futuro e oportunidade para milhões de brasileiros. Para isso, temos que eleger nossos pares para todos os legislativos do país (estaduais e nacional). Só teremos força se formos muitos e para sermos muitos precisamos votar em nossos candidatos. Isso significa olhar para o currículo de cada um e cada uma e observar quem são eles, o que já fizeram na sua trajetória educacional, onde se posicionam quando o assunto é a educação, a ciência e a tecnologia, e cobrar deles que se comprometam com as propostas já estabelecidas no Manifesto.
Claudia Schiedeck foi a primeira reitora do IFRS (2008-2016), coordenou a Câmara de Relações Internacionais do CONIF, possui doutorado em Educação e pesquisa a internacionalização da educação
Mensagem perfeita no cartaz da moça da foto...