POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA DESVIO DE R$ 15 MILHÕES APÓS TERCEIRIZAÇÃO DE HOSPITAL EM RIO PARDO, NO RS
- Alexandre Costa
- 27 de mai. de 2020
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As irregularidades cometidas por uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ), responsável pela prestação de serviços terceirizados no Hospital Regional do Vale do Rio Pardo (HRVRP), deram origem a uma força-tarefa integrada por diversos órgãos públicos, chamada de Operação Camilo. Deflagrada na manhã desta quarta-feira (27), a operação resultou na prisão do prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros (PTB), que teve seu mandato suspenso por 180 dias, do secretário municipal da Saúde, Augusto Pellegrini, e do procurador do município, Milton Coelho. O vereador de Porto Alegre Cláudio Janta, que também é presidente estadual do Solidariedade, também é alvo da Operação Camilo. A investigação examina suspeitas de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, bem como crime de responsabilidade e desobediência na área da saúde no Rio Grande do Sul. De acordo com a Polícia Federal, existem provas de que o esquema criminoso contava com a participação dos gestores da Organização Social, de empresas privadas e de servidores públicos.
Além da Polícia Federal (PF), a operação é integrada pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, Ministério Público Federal e Ministério Público do Rio Grande do Sul. No total, foram expedidas 129 medidas judiciais contra responsáveis de crimes que, segundo a PF, resultaram em um prejuízo de R$ 15 milhões aos cofres públicos. Além dos 61 mandados de busca e apreensão, a PF cumpriu 15 mandados de prisão temporária e uma série de outras medidas judiciais, como sequestro de bens móveis e imóveis, bloqueio de valores depositados em contas dos investigados e de empresas e afastamento cautelar de funções exercidas por cinco servidores públicos municipais. A operação investiga recursos repassados pela União e pelo estado do Rio Grande do Sul à Oscip responsável por serviços no Hospital de Rio Pardo, como vigilância e portaria, alimentação e dietética, manutenção predial, lavanderia, limpeza e sanitização hospitalar, radiologia, exames de imagem e SAMU. A força-tarefa identificou um superfaturamento de valores repassados às empresas subcontratadas de aproximadamente R$ 15 milhões. As ações de hoje ocorrem nos municípios gaúchos de Porto Alegre, Rio Pardo, Butiá, Canoas, Capela de Santana, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Guaíba, Portão, Cacequi e São Gabriel, nas cidades paulistas de São Paulo e São Bernardo do Campo, na cidade do Rio de Janeiro, e em Florianópolis e São José, no estado de Santa Catarina. FUNCIONAMENTO DO ESQUEMA Após a contratação da Organização Social, em outubro de 2017, a Oscip subcontratou empresas que serviram para desviar os recursos públicos, superfaturando os valores cobrados pelos serviços prestados e deixando de cumprir parte das suas obrigações contratuais. De novembro de 2017 a fevereiro de 2020, o HRVRP recebeu cerca de R$ 60 milhões em recursos federais e estaduais, valores que foram repassados à Organização Social. No entanto, a Oscip destinou apenas R$ 30 milhões do total dos recursos para as empresas subcontratadas. Entre os desvios identificados pela força-tarefa está o repasse de R$ 3,3 milhões para a construção de dez leitos de UTI no hospital, fato ocorrido já no período de pandemia do novo coronavírus. Apesar das obras terem iniciado, de acordo com a PF o projeto elaborado pela OS é impreciso, sem levantamentos prévios de custos. A empresa contratada para execução da obra pertence a uma das investigadas pela Operação Camilo.
VEREADOR DE PORTO ALEGRE O vereador de Porto Alegre Cláudio Janta, que também é presidente estadual do Solidariedade, é um dos alvos das investigações da Operação Camilo, deflagrada pela PF nesta quarta-feira no Rio Grande do Sul e em outros três Estados. Conforme apurações feitas pelos órgãos que trabalham na operação Camilo, uma empresa ligada a Janta teria recebido valores de propina pagos pela organização criminosa que é alvo da operação. O vereador nega participação no esquema. De acordo com a Polícia federal, cerca de 150 empresas de vários ramos são investigadas no esquema, sendo a maioria delas usadas como fachada para simular serviços que eram pagos, mas não executados. São firmas que atuam em serviços de portaria, segurança, limpeza, zeladoria e outras.
