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"PIAUÍ" REVELA QUE HOSPITAIS MILITARES DE MANAUS FICARAM COM LEITOS VÁZIOS EM PLENO COLAPSO DA SAÚDE


São no mínimo estarrecedoras as informações de que leitos em hospitais militares são de uso restrito dos membros da “família militar”. Uma reportagem assinada por Luige Mazza e Marta Salomon, publicada nesta quinta-feira (1/3) pela Revista Piauí, revela que o Hospital Militar de Área de Manaus, administrado pelo Exército, chegou a ter 15 leitos clínicos de Covid-19 vazios em janeiro, quando Manaus colapsou pela segunda vez. O mesmo acontecia no Hospital de Aeronáutica de Manaus, onde havia 7 vagas de enfermaria.


A matéria mostra que, em 2020, o Ministério da Defesa recebeu R$ 3,3 bilhões para operar seu sistema hospitalar. A maior parte do dinheiro foi destinado para as unidades de saúde do Exército, e o restante se dividiu entre Marinha, Aeronáutica e o Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Apesar de receberem dinheiro público, as unidades barram o atendimento a civis, mesmo com leitos sobrando. Além do orçamento bilionário, o Ministério da Defesa recebeu um crédito extra de R$ 531 milhões para o combate à pandemia. Parte desses recursos foi investido em hospitais militares, enquanto outra foi usada na compra de camionetes e manutenção de aviões.


As Forças Armadas têm 42 hospitais militares espalhados por todas as regiões do país. Segundo o Ministério da Defesa, eles atendem exclusivamente a 1,8 milhão de membros da “família militar” – grupo que compreende os militares da ativa, inativos, pensionistas, seus dependentes e servidores civis ligados às Forças. Os militares contribuem todo mês para manter esse sistema de saúde, mas o restante do dinheiro provém do governo federal. Só em 2021, o Ministério da Defesa destinou 3,7 milhões de reais das verbas destinadas à pandemia para equipar o Hospital das Forças Armadas. Embora o ano tenha apenas começado, esse valor já é seis vezes maior do que os 505 mil reais empenhados em 2020. O hospital serviu ao alto escalão do governo: Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, Eduardo Pazuello e Augusto Heleno – todos membros da “família militar” – receberam atendimento exclusivo das Forças Armadas quando foram diagnosticados com Covid, no ano passado.


A Revista Piauí informou que o Ministério da Defesa afirmou, por meio de nota, que o percentual de militares da ativa infectados pela Covid-19 é bastante superior à média nacional e que, por isso, o sistema de saúde das Forças Armadas vêm operando “no limite de suas capacidades”. Os dados sobre hospitais, porém, não são verificáveis, já que pouquíssimos hospitais militares divulgam informações sobre leitos ocupados. Na cidade do Rio de Janeiro, onde na manhã desta quinta-feira (1º) havia uma fila de 172 pessoas aguardando vaga de UTI ou de enfermaria, o censo hospitalar da Prefeitura não inclui unidades importantes como o Hospital Naval Marcílio Dias e o Hospital Geral do Rio de Janeiro. Da mesma forma, o monitoramento feito pelo governo do estado de São Paulo não abarca o Hospital Militar de Área de São Paulo.


A revista revela que no dia 17 de março, após a publicação de reportagem do UOL sobre os hospitais militares, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Benjamin Zymler editou uma medida cautelar dando prazo de cinco dias úteis para que as Forças Armadas tornassem público, na internet, o número de leitos ocupados e disponíveis em suas unidades. Os militares pediram prazo mais longo, e o tribunal concedeu dez dias úteis a partir de 24 de março. Como a semana inclui um feriado, os militares terão até 11 de abril para tomar as medidas determinadas pelo TCU. Até a publicação desta reportagem, os dados sobre os hospitais militares ainda não tinham sido disponibilizados.

 
 
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