O www.esquinademopcratica.com presta uma singela homenagem ao Grifo, pelos seus 3 anos de vida. Uma trajetória marcada pela resistência ao fascismo e pela luta em defesa da democracia, com humor, irreverência e coragem. Segue abaixo, o editorial desta 40ª edição e o texto "Como se fossem trinta", assinado pelo Schröder.
A gente ri
O GRIFO começou reclamando “Meu, esse governo me irrita”, título do nosso primeiro editorial, em outubro de 2020. No aniversário do ano passado (número 28), a gente reafirmou: “Não há como ser neutro neste país destruído, empobrecido e assustado” e pedimos voto em Lula. Bem, vencemos.
Um ano depois, continua um país pobre, mas com algumas esperanças renascidas. Continua assustado com o noticiário de violência miliciana, de alguns policiais, roubos de armamento em quartel. Mas pelo menos tá vendo ações de governo combatendo violência, contravenções, tráfico.
O GRIFO mantém a escolha de lado na política e na economia, como afirmou na edição 6 (março de 2021), sabendo das pressões do conservadorismo, e do fisiologismo que formou maioria no Congresso e confiando na liderança de Lula.
Nessa edição que marca o terceiro aniversário e inicia o quarto ano, decidimos espalhar diferentes versões gráficas de Grifos pelas páginas, principalmente nas colunas de opinião. Apesar de toda essa seriedade e atenção que o país exige, continuamos apostando que humor de charges, cartuns, quadrinhos e demais desenhos são a nossa melhor maneira de enfrentar a vida e os adversários.
GRIFO, o jornal que ri.
Como se fossem trinta (Schröder)
São três anos, mas parecem trinta, como dizia o Jesus Superstars exausto do Norman Jewson. Os três anos do Grifo foram menos épicos do que a jornada bíblica, mas igualmente dramáticos. O jornal/revista de humor, gestado numa exposição censurada na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e inspirado no eterno Pasquim surge para, ao mesmo tempo, enfrentar vírus e vermes. Em meio à tragédia política bolsonarista, agravada pela pandemia desenfreada, o jornal aparece como uma espécie de terapia para cartunistas, jornalistas e intelectuais isolados ao mesmo tempo que assume um papel, em princípio quixotesco, de resistência ao fascismo naquele momento já delineado e em andamento.
Rir da morte, do perigo e da violência sempre foi a melhor forma de enfrentar a realidade mais hostil que aquela geração de artistas gráficos, jornalistas, escritores, economistas, sociólogos e economistas endurecidos na luta contra a ditadura militar já tinham passado. Armados de seus lápis, canetas, pincéis, tabletes e computadores, o grupo atendeu o chamado da história e criou uma publicação centrada no humor gráfico e na análise crítica da realidade. O GRIFO chega ao seu terceiro ano com quase a mesma cara com que nasceu. Ajustes aqui e acolá foram definindo uma publicação digital que esperneia para ser maior do que é e reage com escárnio às caras feias do poder.
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