
por Alexandre Costa*
Para além do merecido prêmio conquistado pela atriz Fernanda Torres, Ainda Estou Aqui serve como lembrete para os riscos de revivermos os tempos sombrios que assolaram o Brasil durante 21 longos anos (1964 a 1985). A ditadura militar censurou a imprensa, prendeu, torturou e assassinou quem ousou se opor ao regime.
Não à anistia! Punição aos golpistas e aos criminosos da ditadura militar que ainda estão aqui.
Fernanda Torres recebeu o Globo de Ouro de melhor atriz na categoria Drama, durante cerimônia de premiação na madrugada de segunda-feira (6/1), em Los Angeles, nos Estados Unidos, pela atuação no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A atriz entra para a história como a primeira brasileira a conquistar a premiação. O filme, baseado no livro homônimo do jornalista Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015, conta a história da família Paiva e os impactos causados pela ditadura militar brasileira nas suas vidas.
A história de Ainda Estou Aqui se passa na década de 1970, no período mais intenso da ditadura militar no Brasil. A vida da família se transforma completamente com a prisão de Rubens Paiva, que foi torturado até a morte, com ocultação do seu corpo. Eunice busca respostas sobre o paradeiro do marido, enquanto se dedica a reconstruir e traçar um novo caminho para si e para seus filhos. O filme estreou internacionalmente no Festival de Veneza de 2024, um dos mais prestigiados do mundo, conquistando o prêmio de Melhor Roteiro.
Na próxima quarta-feira (8/1), serão realizados atos de repúdio à tentativa de golpe, protagonizada por militares e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, no fatídico 8 de janeiro de 2023. A falta de punição dos crimes praticados nos porões dos quarteis durante a ditadura é causa direta dos recentes atentados contra à democracia brasileira. Os discursos de exaltação ao golpe de 64 e que enaltecem figuras como o coronel Brilhante Ustra, um dos torturadores mais cruéis e responsável por inúmeros assassinatos nos trágicos anos de chumbo, são consequência da impunidade que se impõe.
(*) Alexandre Costa é jornalista.