
Para quem tem investimentos no exterior, quanto mais o dólar subir em relação ao real, maiores serão os lucros das suas aplicações. Esta é lógica dos recursos mantidos na Dreadnoughts International, a empresa offshore fundada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, em setembro de 2014, nas Ilhas Virgens Britânicas. Na prática, isso significa que a alta do dólar no período de 2019 até agora valorizou o patrimônio de Guedes em pelo menos R$ 14 milhões. Os US$ 9,55 milhões aportados na empresa equivalem a R$ 51 milhões. Ao invés de promover justiça fiscal e redução das desigualdades sociais, como determina a Constituição Federal, o ministro da Economia vem se beneficiado diretamente com a desvalorização da moeda nacional.
Ao manter sua fortuna em paraísos fiscais, Paulo Guedes tenta ocultar o conflito de interesses e a incompatibilidade entre o cargo de ministro da Economia e as suas aplicações na offshore, pois evidentemente recebe e se beneficia das informações privilegiadas do sistema financeiro.
De acordo com o Diário do Centro do Mundo, Paulo Guedes não quer pedir demissão. O ministro da Economia está se sentindo isolado e está revoltado com o abandono do presidente Bolsonaro, que não tem feito nada para protegê-lo. Bolsonaro optou pelo silêncio. Diante do conselho para entregar o cargo e voltar para a iniciativa privada, o ministro avisou que enfrentará a situação de frente e apenas sairá se for demitido. “Vai ter que me mandar embora”, teria dito para interlocutores.
A coalizão Direitos Valem Mais protocolou um pedido de impeachment do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (7/10), no Supremo Tribunal Federal (STF). A razão apresentada para o pedido de afastamento de Guedes não está relacionado ao escândalo da Pandora Papers e sim à conduta como ministro durante a pandemia da Covid-19. A coalizão, que é formada por mais de 200 entidades da sociedade civil e consórcios de gestores públicos, considera que o “superministro” cometeu crime de responsabilidade ao não incluir no orçamento de 2021 recursos para combater a pandemia, ampliando o consideravelmente a situação já calamitosa enfrentada pelo país.
Já a Coordenação da Campanha Tributar os Super-Ricos exigiu, publicamente, providências urgentes frente à divulgação de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mantêm contas em paraísos fiscais, enquanto ocupam cargos estratégicos no governo brasileiro podendo se beneficiar de informações privilegiadas do sistema financeiro. "Manter contas ou aplicações em paraísos fiscais, quando devidamente declaradas à Receita Federal, pode até não ser ilegal, mas é absolutamente incompatível com a ocupação de cargos públicos, especialmente, funções estratégicas como de ministro de Estado ou presidente do Bacen. Além disso, o Artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, proíbe expressamente essa conduta", ressaltou a Campanha.
Na tarde desta quinta-feira (7/10), militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveram um protesto contra Paulo Guedes em frente ao prédio do Ministério da Economia, em Brasília. Os manifestantes fizeram encenações, ergueram cartazes, espalharam notas de dinheiro e pés de galinha falsos na entrada do edifício para escrachar o ministro por contra da revelação de que ele mantém offshore milionária em paraíso fiscal enquanto a fome avança no Brasil. “Guedes no paraíso e o povo no inferno”, foi uma das frases pichadas na fachada do prédio.